Fui esta noite, com muita expectativa, para a 1ª das conferências organizadas pelo Instituto Francisco Sá Carneiro, subordinadas ao tema “Novos Tempos, Novos Desafios, Novas Ideias” que servirão para pensar o futuro do PSD e de Portugal. Os oradores eram Francisco Pinto Balsemão, José Manuel Fernandes e Miguel Morgado.
Balsemão esteve muito bem na sua intervenção. Lembrou a natureza do PSD. Apesar de ser o mais velho, foi o que mais ideias lançou no sentido de pensar um futuro melhor. Propôs medidas para a justiça e educação, falou de reformas nas mais variadas áreas de governação, e até deu a sua opinião sobre temas tão actuais como o ambiente ou as novas tecnologias. Terminou lembrando que, tal como Sá Carneiro, os reponsáveis políticos do PSD devem ser diferentes (“mais do mesmo, ainda que melhor executado, não nos leva a lado nenhum“) e devem reger-se por valores (“só se serve bem o PSD, se se servir bem Portugal“).
JM Fernandes e M Morgado foram, para mim, uma desilusão. O que disseram foi um lugar-comum. Falaram das lutas internas nos partidos, da dependência das pessoas do Estado, da demasiada intervenção deste na sociedade, dos boys que se apoderam do aparelho de Estado, da descentralização de poderes. Enfim, nada que não saibamos já todos. Disseram que se devia romper com este passado e mudar a maneira de organização, os programas, etc. Ou seja, contributo para o debate? nenhum. Para piorar, Morgado disse que o PSD devia definitivamente virar à direita pois era essa a sua identidade, igual à do CDS.
Ora, esta gente (supostamente) intelectualmente superior, vem dizer que devemos fugir para a frente (ou para a direita) e romper com o passado. Pois eu não concordo. Dizer que é necessário mudar programas e adaptá-los aos novos tempos não é novidade nenhuma. Qualquer pessoa com um mínimo de bom senso percebe que isso é necessário, já que vivemos num mundo diferente, globalizado.
É certo que devemos ter novos desafios e novas ideias, mas precisamos de nos agarrar aos antigos valores e aos velhos principios. A ética, a moral, a transparência, a verdade, a coragem, a dignidade, a responsabilidade. O sentido de missão, o respeito pelos cargos públicos e pelas instituições.
Também aproveito para deixar uma opinião quanto à organização destas conferências. Ser o melhor aluno do curso, tornar-se prof ou ser convidado para leccionar noutro país, prova apenas que se é bom na teoria. E nem o estilo despistado e despenteado (do tipo génio), a utilização de palavras caras ou a citação permanente de pensadores faz de alguém um ser intelectualmente superior, com resposta para tudo, ou dono da razão.
As soluções que o IFSC procura para Portugal são de ordem prática, e para isso precisa de convidados com provas dadas desse ponto de vista. Gente que estudou, que investigou, mas que também criou, trabalhou, geriu e fez crescer com sucesso. Pessoas com a visão, a capacidade, a reputação e o sucesso de José António Salcedo ou Rogério Carapuça.
Se além disto, o IFSC quer também discutir soluções para o partido, não ponha a falar sobre esse tema, pessoas que não conhecem a estrutura. Que não estão interessados em saber como se organiza o PSD. Para esses, o partido são os Passos-Coelhistas, os Ferreiristas, os Cavaquistas, os Marcelistas… Mas o partido não é isso, é a C.P. Núcleo ou a C.P. Concelhia, são as bases!! Mas que interessa isso aos media? nada!! O Zé presidente do núcleo ou o Manel presidente da concelhia não vendem jornais. Que sabem então estes jornalistas/comentadores sobre o partido? Não quero esta gente a “pensar” o meu PSD.
No blogue Cachimbo de Magritte, onde escreve o Miguel Morgado, alguém dizia que ele não se sente bem num PSD de centro-esquerda. Ora a minha resposta é esta:
O Miguel Morgado não tem nada que sentir bem ou mal no PSD. Ele, que eu saiba, nem é militante.
O problema que se põe aqui é que está na moda “contratar” politólogos para pensar a política e os partidos.
Eles, que não percebem nada do que se passa dentro dos partidos. Apenas conhecem (e pouco) o que se passa dentro das “altas esferas” dos partidos. Mas os partidos são as suas bases!! Essas eles não conhecem.
Além disso, a política não é uma profissão, mas também não é uma ciência. Portanto rejeito qualquer tipo de opinião vinda de pessoas que pensam saber a definição de um partido, o caminho que deve tomar, ou o seu posicionamento no espectro político.
A política é um instrumento que o homem tem para servir o seu povo. Nada mais do que isso. E fazer política depende de milhares de condicionantes, num determinado cenário.
Vêm agora estes seres, com a mania que são intelectualmente superiores, dizer que este tem de ir para a direita e o outro para a esquerda… Ora, tenham dó!
Caro Luís Melo
Depois de tantos anos de governação ps ouvir o psd e defender que está mais proximo do PS do que do CDS é obra…
Depois admitrem-se de estarem a cair
Caro Miguel Saraiva, não sei se esteve presente na conferência do IFSC. Eu estive.
Eu compreendo que diga isso dessa maneira se não esteve presente na conferência, e construiu o seu raciocínio com base no que leu nos jornais e blogues. Mas olhe que isso é perigoso. Não acredite em tudo o que lê nos jornais. Aliás, foram muito poucos os que lá estiveram. Os jornalistas constroem notícias à volta das frases que mais lhes interessas retiradas do contexto. E alguns bloguers constroem post com base nessas notícias.
Se por acaso o Miguel esteve lá e ouviu com atenção, então só posso concluir que diz o que diz de má fé. Apenas para criticar o PSD gratuitamente. Está a ser desonesto intelectualmente.
A saber: Miguel Morgado (um politólogo como outro qualquer) do alto da sua “cátedra” disse que o PSD devia virar à direita e assumir-se como partido da direita de uma vez por todas, porque é (no seu entender) esse mesmo o lugar do PSD.
Pinto Balsemão, respondendo a tal barbaridade, recordou a génese e a obra do PSD, desde 1974. E concluiu que, a estar perto de alguém, o PSD estaria mais perto do PS do que do CDS. Ou seja, mais ao centro-esquerda do que à direita.
Todos sabemos (pelo menos eu sei) que o PPD/PSD foi fundado como partido de centro-esquerda por Balsemão (entre outros) portanto ninguém melhor do que ele para o dizer.
Ou seja, a afirmação de Balsemão, foi apenas em jeito de resposta à bojarda de Morgado. Nunca foi com intenção de dizer o que muitos querem fazer crer hoje em dia, e tirar dividendos daí (BE, PCP, CDS)… que o PS é um PSD sem o D.
[…] (mais um), no Diário Económico e no blogue Cachimbo de Magritte tomou a liberdade, tal como Miguel Morgado, de escrever sobre o que deverá ser o PSD. E logo foi elogiado pelos opositores de sempre de MFL […]