Facto político para esconder incapacidade


Portugal está hà muito mergulhado numa grave crise económica, financeira e social. A prova disso são os encerramentos de empresas e os desempregados que vemos diariamente. Além dos vários diagnósticos feitos, houve também do lado do Governo o anunciar de muitas soluções para o problema. Disse-se que a preocupação máxima era ajudar as pessoas que perdiam os seus empregos, e injectar confiança na economia para que fosse possível atraír novos investimentos empresariais. Como sempre, as promessas de José Sócrates falharam.

O Governo de Sócrates – tal como o de Guterres – sabe que está metido num pântano e não tem solução para de lá saír. Mas Sócrates não quer fugir como o seu antecessor socialista, porque tem interesses a mais, e não sabe agora viver de outra forma que não seja no poder. Sócrates construiu a sua posição com base nas amizades e compadrios. Ou seja, quando deixar de ter o lugar de destaque que lhe permite distribuir benesses, todos os amigos e apoiantes desaparecerão. O que acaba por ser natural, já que essas pessoas só são amigas de quem “lá está” (no poder, leia-se).

Mas o PM também corre o risco de ter de enfrentar umas eleições antecipadas se vir o seu Orçamento de Estado reprovado. E com tanta coisa que se tem vindo a passar – principalmente o esquecimento das promessas referidas acima – seria provável que as perdesse. Então a solução que vê para sair deste problema por cima é, mais uma vez, enganar as pessoas. Ou seja, tomar algumas medidas fáceis e mediáticas que tinha no seu programa (como casamento gay), para depois poder dizer que está a tentar cumprir promessas. E além disso, disfarçar a tomada de decisões importantes como a regionalização ou o carro eléctrico (coisas com valor, mas não prioritárias). Depois, a vitimização – em que Sócrates é experientíssimo – fará o resto.

Estou contra o casamento entre homossexuais, porque isso vai contra as bases antropológicas da sociedade em que vivemos. Não é uma questão religiosa (como alguns querem fazer passar, porque sabem a descrença na religião que prolifera na sociedade, tentando ficar assim em vantagem na opinião pública), mas cultural. Na nossa sociedade não se aceita (ao contrário de outras) que a mulher é um ser inferior, porque foi assim que a construímos. Da mesma maneira, a nossa sociedade não foi construída para que houvesse casamentos entre homossexuais. Alguma coisa contra eles? Nada. Daí os aceitarmos e até termos consagrado a figura da União de Facto.

Para que quer agora o PS fazer aprovar o casamento entre homossexuais? Algo que até hà bem pouco tempo os socialistas desprezavam tanto que até inventaram uma lei do divórcio que permitia aos casados descasarem mais rápida e fácilmente. Isto é de uma incoerência enorme, e só se justifica com a vontade de mostrar promessas cumpridas e criar factos políticos para desviar as atenções do essencial, a falta de capacidade de Sócrates para enfrentar a crise.

7 Responses to Facto político para esconder incapacidade

  1. Gustavo Rossi diz:

    Caro amigo Melo,

    Em primeiro lugar quero dizer que sou completamente a favor do casamento entre pessoas do mesmo sexo. Para mim não faz sentido que duas pessoas não se possam casar, sejam do mesmo sexo ou não. Sobre o teu penultimo paragrafo: uma sociedade não é estanque, está em constante mutação e evolução. O casamento entre pessoas do mesmo sexo, (sim porque os homosexuais não são só homens são também mulheres), nada tem que ver com religião. A Igreja católica veio há muito tempo mostrar a sua posição sobre o assunto. Nada a dizer. O que me parece importante sobre o assunto é o tema da adopção. Quando vejo casais que esperam (e desesperam) anos para ter uma criança a seu cargo, não me passa pela cabeça que seja mais facil a casais homosexuais adoptar. Mais, com a confusão borucrática que existe no país, só lá para 2015/2020 é que deverá ser entregue a primeira criança para adopção. E não vejo a segurança social a entregar crianças a DragQueens. Deixemo-nos de “faits diverts” e centremo-nos no que realmente interessa: situação economica do país, desemprego e regionalização. Sim , é verdade, chegou com o Natal…

    Abraço

    • Luis Melo diz:

      Caro G.Rossi,

      Claro que uma sociedade não é estanque, e deve evoluir, mas entendo que tudo tem limites. E por isso dei o exemplo das mulheres que em outras sociedades são consideradas seres inferiores.

      Porque se pensarmos que tudo pode ser feito em nome do progresso, então estamos a destruir o que temos, mesmo sem sabermos. Veja-se o exemplo (tão em voga) das alterações do clima, conquência de muitas das coisas que o homem inventou em nome do progresso.

      Quanto ao assunto da adopção, não entendo o porquê de tanta luta entre PS e BE. Afinal de contas, qualquer pessoa (solteira ou casada) pode adoptar uma criança. Desde que para tal tenha condições.

      E sim, o governo devia centrar-se no que realmente interessa: situação económico-financeira, desemprego, etc.

  2. C0XINHA diz:

    Sugiro que pesquise um pouco mais sobre antropologia e a própria legislação portuguesa antes de fazer tais afirmações. Em Portugal, não é qualquer pessoa solteira ou casada que pode adoptar uma criança. Existem critérios legais quanto à idade e a impossibilidade de pessoas solteiras adoptarem, sendo um dos objectivos o impedimento da adopção por um membro de um casal homossexual, e é por isso que não se vêem mais casais homossexuais com filhos e os poucos que existem não dão tanto a cara. E se conhecesse realmente as “bases antropológicas” da sociedade em que vive, veria sim que em Portugal também se partia e nalguns casos ainda parte-se do principio da mulher ser um ser inferior, sendo que esta igualdade tem sido conseguida lenta e progressivamente. Basta olharmos para as leis que, até pouco tempo, determinavam periodos diferentes para o homem e mulher poderem voltar a casar-se após um divorcio e algo que infelizmente ainda ocorre no país, como mulheres receberem um salário mais baixo do que um homem ao exercer o mesmo tipo de funções.

    Como você mesmo disse, a sociedade e a cultura estão em construção, e a mulher não é aceite como inferior porque assim estamos a construir a sociedade. Mas lamento, caro amigo, essas mudanças não terminaram ainda e as novas não pararão de ocorrer… não vejo que “bases antropológicas” ou culturais são essas de tão especiais e diferentes que a sociedade portuguesa tem para se justificar uma evolução diferente das demais que aceitam e promovem a igualdade entre as pessoas.

    • Luis Melo diz:

      Cara coxinha,

      A sra pode sugerir o que quiser. E eu também posso seguir ou não a sua sugestão. Não sigo sugestões de anónimos.

      Concerteza que em Portugal existem critérios para adoptar crianças (seja no caso de uma pessoa casada ou solteira). Eu próprio escrevi no comentário anterior “Desde que para tal tenha condições”. A sra é que provavelmente é daquelas revoltadas que vê uma opinião de alguém contra o casamento gay e fica logo cega, lê na diagonal o resto do artigo e depois dispara para todo o lado.

      Quanto ao impedimento de adopção por pessoas homosexuais, não sei se isso está consagrado na lei (confesso) mas isso é critério válido? Ninguém é obrigado a dizer que é homossexual.

      Quanto ao sociedade em que vivo posso apenas dizer que, como não penso só no meu umbigo e não me preocupo só comigo, consigo olhar e avaliar o que se passa à minha volta. Não vejo que a maioria da sociedade esteja de acordo com o casamento gay.

      Senão é fácil, faça-se um referendo. Porque têm tanto medo de o fazer? Se acham que a sociedade evoluiu para esse tipo de coisas, de certeza que o sim ganhava com larga maioria. Não?

      O problema é esse, é que querem impingir à força o casamento homossexual, porque sabem que a maioria da sociedade não o quer.

  3. Carlos Almeida Santos diz:

    Na verdade, também na minha opinião considero que o assunto, “Casamento Homossexual”, está a ser lançado nesta altura para uma atabalhoada discussão apenas para desviar a atenção das grandes preocupações que hoje se colocam a todos nós.

    Mais uma vez se comprova que, infelizmente, os nossos governantes têm as prioridades invertidas, o mesmo é dizer que têm “Prioridades Gay”… Estão pouco preocupados com o futuro próximo, de médio e até de longo prazo da totalidade dos portugueses. Parece que há uma minoria que é mais importante que o todo…

    No entretanto, junto dos mais atentos, está já assumido que, ou nos convencemos todos que existe um problema e grave com o País ou vamos passar gravíssimas privações a muito curto prazo. A nossa sobrevivência como Sociedade viável estará inevitavelmente colocada em causa… Tão simples como isso…

    Como diz o LM estão a criar factos políticos artificiais que em nada contribuem para a nossa felicidade como comunidade. Apenas demonstram incapacidade…

    Os argumentos são falsos, tendenciosos e muito pouco democráticos. Baseados em premissas erradas e fabricadas à medida por aqueles que têm os conceitos invertidos…

    Tal como dizem constitucionalistas de renome e todo um conjunto, felizmente alargado, de gente que pensa, que se debruça sobre estes temas e que tem provas dadas, todos os argumentos são contrários à nossa Constituição, são contrários à Declaração Universal dos Direitos do Homem e, principalmente, são contrários ao conceito básico da instituição fundamental da biologia humana que é a Família, entendida como célula base para a sustentação de toda a pirâmide da sociedade.

    Não há preconceito, seja ele religioso, cientifico, ético, de discriminação ou de dignidade humana que o possa rebater.

    Que existem homossexuais e muitas outras realidades todos o sabemos e aceitamos. Agora quando, para se afirmarem, quererem subverter e destruir a estabilidade e o fundamento da nossa realidade humana, não, não podemos aceitar seja a que título for…

    Esta é a minha convicção, dita com a liberdade de alguém que tem vivência pessoal e profissional, família e descendência, e experiência de intervenção pública e social.

  4. Luis Melo diz:

    Recebi alguns comentários de pessoas a insultar-me, pelo facto de ter dito que sou contra o casamento homossexual. Obviamente não publiquei.

    Quero apenas sublinhar a “tolerância” deste tipo de gente. Querem tolerância para eles, mas não são tolerantes com os outros.

    É assim este país…

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