Estive a ouvir as escutas do “Apito Dourado” recentemente tornadas públicas. Não contêm nada de novo, nada que eu já não soubesse ou suspeitasse. Continua a perturbar-me a falta de estatura intelectual, de educação, de respeito e de valores dos intervenientes, alguns deles figuras proeminentes da nossa sociedade.
Mas o que me impressionou mais uma vez não foi o conteúdo das escutas, mas a reacção da população a elas. A “clubite aguda” – doença que prolifera em Portugal – tolda a vista de muitos portugueses e leva-os a pensar que isto só se passa com o FC Porto, e negar estes acontecimentos também dentro da “sua casa”.
Mais grave é pensar que, se no futebol (onde o dinheiro é privado) as coisas funcionam desta maneira, imaginemos então como é na política (onde o dinheiro é dos nossos impostos). Basta ter um pouco de bom senso para perceber que obviamente será muito pior, até porque os clubes (empresas e interesses) e os árbitros (decisores políticos) são em número muito superior.
E não nos esqueçamos que o nível dos políticos portugueses é o mesmo que o dos dirigentes desportivos. Aliás, há muito “boa gente” que desempenha ao mesmo tempo cargos políticos e desportivos. Outros há, que saltam da política para o desporto, e vice-versa.
Nota: Obviamente que há excepções (talvez se contem pelos dedos de uma mão), de gente séria, que tem passagens pela política e pelo futebol.