Em Fevereiro de 2009 escrevi dois posts a propósito de intervenções de Alexandre Soares dos Santos. Depois de uma vida privada e profissional no recato durante tantos anos, penso que começou aqui a sua participação cívica mais mediática. Sim porque essa sempre existiu, mas não interessava aos meios de comunicação “dita” social.
Disse eu que Soares dos Santos não é um milionário. É um homem humilde, trabalhador e sério. Um empresário com visão e sucesso. Preocupado com a crise em Portugal, falou sem medo. Não deve nem teme o poder, não lambe as botas a nenhum governo. Falou verdade aos portugueses, depois de já o ter feito aos seus trabalhadores e accionistas.
Naquela altura o Presidente Executivo da Jerónimo Martins, criticou a postura e (in)acção do Governo em funções (liderado por José Sócrates) perante a crise, e ao mesmo tempo deu a conhecer as medidas que implementaria na sua empresa, para combater a altura difícil e complicada que assolaria não só a sua mas todas as empresas em Portugal.
Primeiro, abrir mão das reservas que fez para prevenir um ano de prejuízos. Depois, reduzir ou deixar de pagar dividendos. Em seguida, diminuir salários de administração e quadros. Por fim, negociar cortes de horário e salários com trabalhadores. Em último recurso, se todas estas não fossem medidas suficientes, avançar para despedimentos.
O facto é que apesar de todas as dificuldades, em Março 2010, sai a público a notícia: “Jerónimo Martins anuncia aumento de prémio aos trabalhadores para 250 euros“. O grupo deu um bónus extra aos trabalhadores efectivos (20 mil dos quais em Portugal) gastando 12,5 M€. A bonificação deixou de fora os quadros da administração.
Em plena crise, a Jerónimo Martins criou 1.700 empregos em 2009, 3.000 em 2010 e 1.000 em 2011. Isto, só em Portugal! Acho por isso curioso que alguns políticos tenham a falta de vergonha de dizer mal deste homem, quando eles próprios apenas tratam da sua vidinha, e com sua incompetente e demagoga acção criaram 700.000 desempregados.
Desde que se fez ouvir mais e começou a ter maior intervenção cívica, comecei a prestar muita atenção a este homem. E passei a não falhar as suas intervenções! Foi sempre certeiro e incómodo. Por mim, estou-lhe agradecida por tudo: pela maneira como trabalha dando o exemplo a quem exige que trabalhe, pela maneira como considera os trabalhadores, pela Fundação excelente que não pede ajudas ao Estado, pela Pordata, por ser português. É um exemplo raro nesta nossa esquesita democracia!