Artigo de opinião que escrevi para a edição de Outubro 2011 do jornal “Notícias de Santo Tirso”.
A propósito da crise que vivemos, cada vez se tem falado mais da Constituição da República e dos direitos conquistados na revolução de 74. Ora uma das figuras que se adquiriu foi o direito à livre associação.
Com isto a sociedade portuguesa foi capaz de se desenvolver a todos os níveis. Várias associações, clubes e outras entidades foram criadas com objectivos diversos e propósitos diferentes. Isso ajuda a população a evoluir.
Em Santo Tirso existem, felizmente, muitas instituições desse género. Umas mais participadas e outras menos. Umas com mais relevância e outras com menos. O que interessa mesmo é que possam acrescentar algo à sociedade.
O CAST – Clube Automóvel de Santo Tirso, foi fundado em 1990. Se relativizarmos à sua área, o automobilismo, é uma das entidades Tirsenses mais conhecidas a nível nacional. Muitos dos amantes da modalidade o conhecem e reconhecem.
Isso não é por acaso. Os seus corpos dirigentes conseguiram sempre realizar um excelente trabalho em todos os eventos por onde passaram. Cultivando valores da exigência, do rigor, da ética, da camaradagem, da solidariedade e do companheirismo.
O CAST nunca se fechou sobre si próprio, soube sempre ajudar outros clubes e organizações, que sempre o elogiaram. A direcção nunca foi longínqua e fechada. Conseguiu sempre estimular os seus sócios a ajudarem e participarem em todos os eventos.
Este sucesso na organização de eventos iniciou-se em 1996 com a co-organização de uma prova de Rali em Santo Tirso. A qualidade foi tal que o certame se repetiu durante 6 anos com cada vez mais pilotos e público nas estradas do concelho.
Em 2002 Santo Tirso assistiu pela última vez a um rali organizado pelo CAST. Terminaria sem razão aparente. Coincidência, ou não, nas eleições autárquicas de Dezembro de 2001 era eleito pela primeira vez o actual presidente da Câmara.
É também do conhecimento público que nessa altura (e até hoje) alguns membros da direcção do CAST eram militantes do PSD, e outros, não sendo militantes de algum partido, eram críticos das políticas da CMST levadas a cabo pelo PS.
Os membros da direcção do CAST deveriam ter podido exercer as suas opções políticas e cívicas em liberdade. E fizeram-no. Mas sofreram as consequências habituais de uma sociedade e de um organismo (CMST) em que reina o sectarismo partidário.
Nos últimos 10 anos o CAST foi empurrado para fora do concelho. O esforço e dedicação dos seus associados brindou os concelhos de Penafiel e Taipas com provas de rali de grande sucesso. Ao fim destes anos o CAST resolveu voltar às organizações na sua cidade natal. Apresentou a 29 Julho 2011 um pedido à CMST para organização de uma prova de Rali, em 1 de Outubro, nas estradas do concelho.
A 9 de Setembro (1 mês e meio depois!) a CMST dá o pedido como indeferido, alegando razões de cabo de esquadra. Sem argumentos válidos para inviabilizar a prova – totalmente suportada por apoios privados – restam outros argumentos, talvez de índole partidária.
Diz a CMST que o indeferimento tem que ver com a garantia “da liberdade de circulação e a normalidade do trânsito”. Parece esquecer-se que no Rally Santo Thyrso que organiza conjuntamente com um clube do Porto, fecha os principais acessos e todo o centro da cidade.
Para além disso, a CMST também se esquece que fechou o principal acesso ao hospital para dar uma festa de inauguração de umas obras que nunca começaram (Cine-Teatro) ou que todos os anos fecha estradas para a Volta a Portugal em bicicleta.
A memória do executivo da CMST também é curta ou inexistente no que concerne ao fecho das mais importantes artérias da cidade e os seus acessos com provas de BTT ou de atletismo, como são as maratonas e as corridas de São Silvestre.
Outro dos argumentos foi não haver “interesse da actividade em causa”. Ora, a actividade é um Rali de automóveis. O que é o Rally de Santo Thyrso (evento organizado pela CMST e um clube do Porto) senão um Rali de automóveis? Esse já tem interesse?
Finalmente a CMST diz apoiar-se nos “pareceres desfavoráveis de Juntas de Freguesia abrangidas pelo percurso”. Ao que consegui apurar, alguns dos presidentes em causa nem sequer foram ouvidos, e outros terão dado parecer favorável à realização da prova.
Quem desconhece a relação difícil entre a CMST e o CAST pode ficar na dúvida quanto às verdadeiras razões de marginalização do CAST. Mas essas dúvidas ficaram totalmente dissipadas na conferência de imprensa da apresentação do Rally Santo Thyrso 2011.
Nesta, o edil Tirsense elogiou a colaboração com a Demoporto (com quem organiza o Rally) e despropositadamente, frisou que não pretendia ter o mesmo tipo de abertura com outros clubes, acusando-os de criticar a autarquia.
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