Perdida a possibilidade de vencer o Campeonato, a Taça, a Liga Europa, ou até mesmo de garantir presença directa na Liga dos Campeões, está na hora de fazer um pequeno balanço. Os que sofrem de clubite dirão que o FC Porto ainda pode vencer a Taça da Liga. Eu lembrar-lhes-ei que até hoje, quando o Benfica a vencia, essa era a Taça da Cerveja.
Num clube que se pautou, nas últimas décadas, por ter uma defesa de betão, preferiu-se deixar sair (ou mandar embora por razões pessoais/políticas – leia-se, por serem representados pelo empresário X) jogadores experientes, de qualidade indiscutível e internacionais pelos seus países como Otamendi e Rolando. Ficou-se então com jovens inseguros e bisonhos como Reyes e Abdoulaye, apoiados por Maicon e Mangala que, por não terem concorrência à altura tornaram-se desleixados e displicentes.
Aliás, foi esta mesma razão que levou a que jogadores de qualidades técnicas e tacticas indiscutíveis (também eles internacionais pelo seu país) tivessem exibições paupérrimas. Falo de Alex Sandro e Danilo que dada a falta de concorrência e de profissionalismo ajudaram a tornar a defesa do FC Porto num buraco só. Bastava Fucile estar no plantel para fazer concorrência na lateral esquerda e na direita, aos dois brasileiros. Ele que, apesar da sua qualidade e da sua raça portista, foi dispensado incompreensivelmente.
Toda a gente que percebe de futebol sabe que é no meio-campo que está o motor (defensivo e ofensivo) de qualquer equipa. Não é por acaso que muitos especialistas dizem que é no meio-campo que se ganham jogos. Resolveu apostar-se em Herrera quando se tinha Castro – que vem demonstrando enorme qualidade por todos os clubes onde passa. Resolveu contratar-se o patrão (?) do meio-campo do Paços de Ferreira (!) e confiar-lhe a batuta do meio-campo, deixando Quintero de fora. Preferiu apostar-se em Licá e Kelvin (que em 5 épocas sacou 1 chouriço) e deixar-se fugir Iturbe ou Atsu.
No ataque morou o abono de família, Jackson Martinez, que praticamente sozinho segurou os lugares cimeiros da classificação e garantiu o 3° lugar final. Ele que, depois desta época horrível, não olhará para trás nem pensará duas vezes se no verão lhe apresentarem uma proposta para sair. Nem que seja para a Turquia ou para a Rússia (apesar de parecer que Inglaterra poderá ser o destino). Quaresma chegou tarde demais. Varela esteve completamente demotivado pela falta de qualidade da equipa.
E depois o erro maior, clamoroso, que foi a contratação de Paulo Fonseca. Já escrevi variadíssimas vezes, desde o início da época, sobre a sua incapacidade como líder, a sua incompetência com treinador de futebol, e a sua inabilidade como representante do FC Porto. Pinto da Costa não só cometeu esse erro por clara falta de clarividência (que está notoriamente a faltar-lhe nos últimos anos) como ainda por cima demorou a corrigi-lo por manifesta casmurrice e para defender interesses na luta interna pelo poder. Colocando os interesses pessoais e políticos à frente dos interesses do clube.
No meio disto tudo, os jogadores fracos e maus profissionais, tal como os treinadores incompetentes, e ainda os dirigentes corruptos… todos foram para a sua casa de luxo, nos seus automóveis desportivos ou de alta cilindrada, com dezenas ou centenas de milhares de euros nos bolsos. E os adeptos é que ficam a sofrer de tristeza e de vergonha. Mas é bem merecido porque na sua maioria – principalmente aqueles que se auto-entitulam verdadeiros adeptos, por irem ver os jogos ao estadio – não conseguem deixar de ser otários (ver dicionário).
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