A jumentude portuguesa e o futuro de Portugal

17/11/2011

Quando hoje abri a caixa de entrada tinha dois emails que tinham o mesmo conteúdo. Ambos traziam um link que levava a um vídeo na revista sábado. Não tardou a perceber que era um daqueles que já anda em “roda viva” nas redes sociais, gerando muitos comentários.

Podem achar que sou “velho“, “quadrado“, “exagerado“, “alarmista“. Mas é por estas e por outras que tenho muito poucas esperanças no futuro do país. É que fatalmente, o futuro não depende apenas dos políticos e das políticas implementadas.

Depende também, e acima de tudo, dos portugueses. De todos os portugueses. Mas quem mais pode garantir o futuro senão os jovens? E quem mais pode tornar o país competitivo senão os jovens estudantes universitários?

Infelizmente o futuro de Portugal está nas mãos desta juventude. Como poderão eles ser bons políticos, talhantes, engenheiros, carpinteiros, advogados, comerciais, médicos, administrativos, cientistas, psicólogos, consultores, etc.?

E o maior problema é que, nem bons nem maus! Esta gente não quer ser nada! Não tem ambição nenhuma! A não ser o ser “famoso“. Como? Não sabem. Talvez num qualquer reality show. Aliás é a única coisa que conhecem e da qual sabem alguma coisa.

É uma tristeza. E não vale a pena dizerem-me que os que aparecem no vídeo são uma minoria, ou foram escolhidos a dedo. Basta andar na rua ou frequentar os locais por onde andam, para ver o tipo de juventude que temos hoje.

Para mal dos nossos pecados, prolifera esta absoluta ignorância e desinteresse por tudo o que não é fútil. Só interessam as roupas de marca, a aparência física, a influência no grupo de amigos, os telemóveis topo de gama, etc.


O “tuga”, uma espécie que prolifera – Parte IV

30/08/2011

Este post, sobre o “Tuga”, vem no seguimento destedeste e deste:

O Tuga é aquele que trabalha numa grande empresa (eventualmente até num cargo de chefia) e não se inibe de levar os filhos para o emprego.

O Tuga é aquele que come com o garfo virado para baixo, não levanta os cotovelos da mesa, e come a sopa e a sobremesa como se estivesse “à janela”.

O Tuga é aquele que faz as vontades todas aos filhos porque: “coitado, é pequenino e não se pode contrariar, porque pode ficar traumatizado“.

O Tuga é aquele que tem apenas três temas de conversa: Dizer mal dos colegas/chefe do trabalho, dos familiares menos chegados, e dos vizinhos lá do bairro.

O Tuga é aquele que critica Hospitais (com ‘n’ certificações) e Médicos (com anos de estudo/especialização) mas elogia o endireita/bruxo que atende em casa.

O Tuga é aquele que vai para a FNAC martelar os iPad’s em exposição com os dedos. Estraga-os, não vê nada, e nem deixa os interessados experimentarem.


O “tuga”, uma espécie que prolifera – Parte III

16/08/2011

Este post, sobre o “Tuga”, vem no seguimento deste e deste:

Tuga é aquele que detesta o político porque “diz hoje uma coisa e amanhã o seu contrário“, mas idolatra o jogador de futebol que faz o mesmo.

Tuga é aquele que gosta de usar termos técnicos e palavras caras das quais não sabe o significado, construindo frases sem qualquer sentido.

Tuga é aquele que para calar a birra que o filho malcriado está a fazer no meio da rua, lhe enfia um bolicao pela goela abaixo.

Tuga é aquele que parece desconhecer a existência daquelas coisas modernas chamadas malas, e transporta tudo em sacos de plástico.

Tuga é aquele que não tem brio no trabalho, e que faz as coisas mal feitas sem questionar, apenas porque… “sempre se fez assim“.

Tuga é aquele que reenvia cadeias de e-mails que prometem sorte para a vida ou infortúnio durante anos, se enviados ou não para 10 amigos.

Tuga é aquele que na padaria pede o “pão branquinho”, na pastelaria pede o “pastel de nata branquinho” e no Natal come o “bacalhau branquinho”.


O monopólio da EDP, dá nisto…

02/08/2011

Após 100 min ao telefone (sim, isso mesmo, 1 hora e 40 minutos) distribuídos por 9 chamadas, vou ter finalmente o assunto da ligação da electricidade resolvido.

Planeei tudo direitinho para que ontem, dia 1 Agosto, me ligassem electricidade, água e gás. Por causa de uma incompetente da EDP não consegui tal desiderato.

Foi preciso chatear-me (e chatear 4 funcionárias do call-center da EDP) para que o assunto fosse resolvido hoje, dia 2 Agosto, corrigindo um erro da própria EDP.

Entre os 100 min e as 9 chamadas, registei uma reclamação e dei uma “cassete” (que até eu considero maçadora) às 4 meninas da linha de apoio a cliente.

Foi a única maneira de obrigar a EDP a desempenhar o seu trabalho, assumindo as suas responsabilidades e as consequências dos seus erros (ou dos funcionários).

Acho incrível que uma das maiores empresas em Portugal (e que se diz uma das melhores do Mundo) não tenha SLA’s a cumprir nos serviços (seja quais forem) que presta.

Qualquer empresa digna desse nome tem SLA’s a cumprir, preocupação com fidelização de clientes, etc. Mas o monopólio faz com que isso não seja necessário à EDP.


O “tuga”, uma espécie que prolifera – Parte II

23/07/2011

Há uma semana atrás escrevi um post sobre o “Tuga”. Tentei descrevê-lo ao máximo, mas não consegui. Acrescento mais algumas coisas que o caracterizam.

O tuga é aquele que, no casamento do familiar/amigo, por estar de fato e gravata já se sente patrão e trata o empregado de mesa com arrogância e sobranceria.

O tuga é aquele que, na festa da empresa ou baptizado do sobrinho, enche o prato como uma pirâmide e come até não poder mais porque… afinal é de borla.

O tuga é aquele que, numa acção promocional ou de marketing, fica horas em fila para jogar uma “roda da sorte” que oferece bonés, canetas ou porta-chaves.

O tuga é aquele que, durante 6 anos foi o mais acérrimo crítico de José Sócrates, e o “perdoou” como que automaticamente, no dia em que o pai faleceu.

O tuga é aquele que cochicha quando recebe uma chamada da mulher, mas fala para todo o restaurante quando lhe liga o amigo para recordar a saída de sábado.

O tuga é aquele que, no supermercado, compra o que não precisa, o que não gosta ou o que não usa, apenas porque está em promoção e “é de aproveitar“.

O tuga é aquele que acha perfeitamente normal, e não vê qual o problema, em o filho mais velho ir para a faculdade de chinelos e calções de praia.

O tuga é aquele que não educa o filho em casa, mas depois na rua quando o puto se porta mal, quer mostrar autoridade pelo meio de palmadas e berros.

O tuga é aquele que está no estacionamento, mas por estar dentro do carro (à espera de qualquer coisa, ou a passar tempo) acha que não tem de pagar parquímetro.

O tuga é aquele que adora reality shows com celebridades, porque é a mesma coisa que ler a TV Mais, mas sem pagar 1,25€ e com imagens reais.


Autocarro da Carris: Um estudo sociológico

21/07/2011

Há cerca de 3 meses que consegui novamente andar de transportes públicos. O percurso que faço agora para trabalhar permite-me deixar o carro na garagem, poupar dinheiro em gasolina/estacionamento, poupar paciência no trânsito e poupar o meio ambiente.

Na viagem de autocarro aproveito para navegar no telemóvel pelas redes sociais e aplicações de notícias. Mas por vezes dou por mim também a fazer como que um estudo sociológico sobre as pessoas que entram e saem do autocarro nas diversas paragens.

Vejo muita gente, homens e mulheres (na sua maioria já com uma certa idade), que fala sozinho ou então que mete conversa com qualquer pessoa que esteja à sua frente. Para mim, este tipo de comportamento denota solidão e abandono.

Por outro lado também há muitas pessoas (das quais muitas adultas, mas novas) que não estabelecem qualquer tipo de contacto. Olham para o chão o tempo todo e não falam com ninguém, mesmo que abordadas. Isto é, para mim, exclusão social.

Para quem gosta de ver gente gira e com estilo (quem não gosta?) o autocarro tem muita poluição visual. A maioria das pessoas veste-se mal e com roupa velha. Na minha opinião, este facto só pode ser consequência da pobreza de que padecem.

Depois, em conjunto com a roupa velha e mal amanhada, costuma vir também o mau cheiro. Não é só cheiro a suor, é mesmo por vezes o cheiro de quem não toma banho há dias. Isto demonstra apenas a falta de auto-estima que as pessoas têm.

Por fim, assiste-se a muitas faltas de respeito e de educação. Estas partem principalmente dos mais jovens, mas também já as vi em adultos e até em idosos. A isto só se pode associar uma falta de valores e de civismo enorme.

Esta é infelizmente a realidade de uma grande parte da população. Estas atitudes, maneiras de ser, personalidades, carácteres, são para mim consequência da falta de qualidade de vida das pessoas. Que leva à frustração, angústia, tristeza, infelicidade.

Esta é a realidade invisível para muitos dos responsáveis pelos destinos do país. E esta realidade também é muito culpa deles que praticam políticas erradas. É necessário ter a sensibilidade social que se exige a um político, e tentar melhorar a vida desta gente.


O “tuga”, uma espécie que prolifera

16/07/2011

Há poucos dias saíram os resultados do Censos 2011. Muitas estatísticas foram lançadas, sendo que a mais geral é a de que somos hoje 10.555.853 portugueses.

Entre estes tem proliferado uma espécie, que é em muito responsável pela crise de valores que o país atravessa. Essa espécie chama-se “TUGA”.

O tuga é aquele que acha que ser patriota é torcer pela selecção nacional de futebol, em vez de pagar impostos e ser solidário com os seus concidadãos.

O tuga é aquele que acha ter alcançado uma grande vitória ao ter crashado o site de uma agência de rating ou ter inundado a sua caixa de emails.

O tuga é aquele que se endivida no banco por um BMW branco em vez de pedir dinheiro emprestado para o seu filho poder ir para a universidade.

O tuga é aquele que se atira para cima de uma passadeira sem parar e olhar, porque “se for atropelado o condutor tem de pagar uma grande indeminização”.

O tuga é aquele que compra (às prestações) um telemóvel de 400€ ou 500€, do qual aproveita 5% das funcionalidades, apenas porque pensa que dá status.

O tuga é aquele que chama ladrão ao político, mas sempre que compra/recebe algum produto/serviço, pede tudo sem factura para fugir aos impostos.

O tuga é aquele que chama incompetente e corrupto ao político mas não participa na democracia, nada faz para a mudar, e nem sequer vota.

O tuga é aquele que, mesmo ganhando mais, declara o ordenado mínimo e quando chega a reformado fica revoltado por ter uma reforma tão baixa.

O tuga é aquele que, em cargo de chefia, pratica um tipo de liderança baseado no temor do chefe ao invés de preferir ser respeitado.

O tuga é aquele que vai “tirar de esforço” da professora que expulsou o seu filho porque este foi malcriado e perturbava a sala de aula.

O tuga é aquele que vai ao futebol ou ao concerto e passa o tempo a tirar fotos que comprovem a sua presença, em vez de apreciar o espectáculo.

O tuga é aquele que sonha com as telenovelas e as transporta para a realidade. Aquele que passa o dia a ver reality shows à espera de enxovalhos.

O tuga é aquele para quem a notícia não é o sucesso, a inovação, o feito ímpar, mas sim a traição, a tragédia, a intriga, o crime.

O tuga é aquele que no retorno das férias é paciente para ouvir a história do colega, apenas para ter audiência quando for a sua vez de contar.

O tuga é aquele que acha um roubo quando o clube adversário é beneficiado, mas acha justo (“é para equilibrar”, diz) quando o seu clube beneficia.

O tuga é aquele que achava o Carlos Castro “um grande paneleiro”, e agora diz que era um velhinho indefeso que foi vítima de um drogado ambicioso.

O tuga é aquele que ao fim-de-semana, em vez de levar os filhos a um programa lúdico/pedagógico ou a passear/jogar, se enfia com eles num centro comercial.

O tuga é aquele que chega à praça de alimentação do Centro Comercial e senta a mulher/filho numa mesa a guardar lugar, enquanto demora meia hora a pedir a refeição.

O tuga é aquele que ao esperar numa paragem de autocarro vê passar um homem num Ferrari e, ao invés de pensar “um dia ainda vou ter um Ferrari” pensa “um dia ainda vais andar de autocarro”.


O Portugal que não quero (IX)

01/02/2011

Trabalhei durante cerca de 2 anos na área comercial da Optimus (no mercado das PME) onde tinha a função de angariar novos clientes, e posteriormente gerir a carteira. Ao contrário do que constatei ser normal não tentava “enganar” o cliente (ou potencial) mas sim convencê-lo ao trazer-lhe valor acrescentado.

A atitude que tinha para com todos os clientes (fossem eles grandes ou pequenas empresas) era em todos os momentos a mesma. Sério, honesto, respeitador, simpático, solícito e eficaz. Mesmo quando alguns clientes me pediam para resolver o contrato, passando para outra operadora.

Fazia isto não só por ser a melhor maneira de estar nos negócios e no trabalho, mas também porque seria esta a única forma de, um dia, eles poderem voltar a trabalhar comigo ou até recomendarem-me aos seus conhecidos. Doutra maneira, com má atitude, era garantido que não ganharia nada futuramente.

Inscrevi-me há 4 meses num ginásio, com o objectivo de recuperar de uma cirurgia ao joelho. Fi-lo com um contrato de 6 meses, que terminará em Março 2011, e com a obrigação de informar com 2 meses de antecedência caso não quisesse a sua renovação automática por mais 6 meses.

Na passada 5ª feira falei pela 1ª vez na recepção do ginásio em resolver o contrato, e desde logo começaram as dificuldades e antipatias. Por entre vários pedidos de informação negados e (des)encontros com o comercial responsável, lá tive de fazer “uma espera” ao tal senhor no dia 31 Janeiro.

Com alguma dificuldade e muita espera lá consegui assinar um documento que avisa da resolução do contrato em Março 2011. Tudo isto acompanhado de antipatia q.b. e frieza a rodos. Claro está que assim, perderam um cliente para sempre e ganharam alguém que nunca irá recomendar o Solinca.


O Portugal que não quero (VIII)

26/11/2010

Estaciono o carro num parque do Largo da Graça em Lisboa com uma rapariga indigente a dar indicações. Era jovem e deu-me pena, apesar de ser certo que era tóxicodependente.

Meti as mãos aos bolsos e vi que não tinha tostão. Simpático disse-lhe “vou ali ao café e na volta dou-te”… recebi como resposta “só se for rápido porque daqui a pouco vou embora”…


O Portugal que não quero (VII)

24/09/2010

Quem conhece, sabe que a rua que passa nas traseiras de Santa Apolónia afunila e se torna muito estreita. É difícil que um carro se cruze com um autocarro, quanto mais quando se tratam de dois autocarros.

Acontece amiúde estarem carros mal estacionados à entrada e à saída desse pequeno e estreito troço, dificultando a passagem aos automóveis e principalmente aos transportes públicos.

Hoje passava nessa rua, e a PSP tinha bloqueado meia-dúzia de carros mal estacionados e preparava-se para os rebocar.

À minha frente vinham dois homens de meia idade. Um disse “Olha, estes bófias já ganharam o dia“. Ao que o outro respondeu “É! Agora chegam à esquadra e dão-lhes um cheque“.

Esta visão quadrada, mesquinha e imbecil é infelizmente a mais habitual em Portugal. O típico tuga acha que a polícia multa para ganhar dinheiro e não para manter a ordem pública, garantir a segurança, fazer cumprir a lei e defender os direitos dos cidadãos.

O que mais me chateia é que aqueles dois imbecis que iam à minha frente, se eventualmente fossem a passar de carro e se vissem impedidos pelos mal estacionados, iriam comentar “É assim mesmo! Toca a rebocar tudo que isto é uma vergonha!


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