Boa tarde, na sequência dos acontecimentos desta semana, quero partilhar convosco 10 pontos.
- O Juiz disse claramente que José Sócrates foi corrompido. Pelo menos, por Carlos Santos Silva, e pelo menos em 1,7 milhões de euros. Daí ter sido pronunciado pelos crimes de branqueamento de capitais e de falsificação. Infelizmente o crime de corrupção, segundo o juíz, já prescreveu.
- O Juiz considerou que não havia provas suficientes, e por isso deixou cair todas as outras acusações de crimes de corrupção. Mas na verdade, dizem especialistas, que nesta fase de instrução o juízo se deve basear em “fortes indícios” e não em provas. As provas deveriam vir, depois, na fase do julgamento.
- Não há dúvida que a abordagem e metodologia do MP não está adaptada às leis e ao código penal que (bem ou mal) temos hoje. É um erro acumular acusações em mega-processos, que pela complexidade e quantidade irão naturalmente demorar mais tempo a construir, e ultrapassam constantemente os tempos previstos na lei para prescrição.
- Para além disso, o MP claramente não tem recursos e meios para tratar dos casos que tem em mãos. Daí que meter-se em mega-processos é um erro. Como também é um erro perde tempo em casos sem importância. Como por exemplo aqueles em que políticos falsificam currículos. Isso devia estar a cargo de outros.
- A verdade é que tudo isto é culpa desses mesmos políticos. São eles que, na Assembleia da República fazem as leis que dificultam investigações; São eles que, no Governo não investem em meios para fortalecer as autoridades; São eles que, por todo o lado e a todos os níveis, continuam a aceitar, alimentar e proteger os correligionários que cometem esses crimes que entopem o sistema de justiça.
- Especialistas disseram nos últimos dias que 90% dos crimes de colarinho branco acabam arquivados ou prescritos. Ora, qualquer cidadão com dois dedos de testa sabe que: ou se aumentam os prazos de prescrição, ou (de preferência) se dá meios ás autoridades para poderem investigar melhor e mais depressa. Mas aos poderosos, e aos políticos (que são quem pode alterar a lei ou investir) isso não interessa.
- Mais importante que o combate à corrupção deveria ser a prevenção da mesma. Mas em Portugal temos, como sempre, tudo ao contrário. Tal como nos incêndios por exemplo. Os sucessivos governos despejam milhões em helicópteros e aviões de combate (pelo caminho incitando e criando mais corrupção), e tostões em iniciativas de prevenção que não passam de acções de marketing político que ficam bem nas televisões.
- Era preciso ter políticos com coragem, para aprovar na Assembleia da República, leis que claramente prevenissem a corrupção. Exigindo total e incondicional transparência. O interesse dos portugueses, e o dinheiro dos contribuintes está acima do incómodo que uma lei de transparência possa provocar num ministro, num deputado ou num presidente de câmara. E quem não está bem com essa transparência, quem tem algo a esconder, pode abdicar ou ficar em casa, porque ninguém é obrigado a estar na política.
- Tudo isto está nas nossas mãos. Nas mãos de todos os portugueses. Aqueles que, por exemplo, se movimentaram nos últimos dias, para assinar uma petição a pedir o afastamento de Ivo Rosa (que já são mais de 100.000); Aqueles que se vão juntar às manifestações que estão a ser organizadas nos próximos dias, contra o estado da justiça; e os milhões que se queixam nas redes sociais e á mesa de jantar ou á mesa do café… deviam movimentar-se para ir votar nas próximas eleições.
- É importante nessa altura dar o voto a pessoas que têm provas dadas, de competência, de seriedade, de coerência, e de coragem. Atenção: Ser competente, sério e coerente não é suficiente. Esses, tipicamente deixam-se diluir no meio do status quo – porque não têm força nem resiliência suficiente – e acabam por sair, sem ter feito nada de mal, mas sem ter conseguido nenhuma mudança. É preciso votar em pessoas que demonstram claramente ter coragem, para enfrentar o sistema vigente e os interesses corporativos.
Nota final importante, e para que não subsistam dúvidas. André Ventura não é competente (não se lhe conhece coisa ou obra nenhuma), não é sério (várias vezes acompanhou, apoiou e serviu gente corrupta – aliás a sua especialidade como advogado parece ser na área da evasão fiscal), não é coerente (diz constantemente uma coisa e o seu contrário), e não é corajoso (é, isso sim, um incendiário irresponsável). Há alternativas a quem está hoje no poder. Há alternativas nos partidos do regime, mas também em partidos novos. A mudança está nas nossas mãos.
Até breve.
Deverá estar ligado para publicar um comentário.