Só em Portugal uma mentira dita muitas vezes se torna verdade. Durante a campanha eleitoral, todos os dirigentes do PS (com destaque para Sócrates e Santos Silva) disseram que foi Manuela Ferreira Leite que trouxe o assunto das escutas ao PR à baila quando falou em asfixia democrática.
Ora, Ferreira Leite disse uma única coisa sobre as escutas: “não comento porque não tenho dados suficientes“. A asfixia democrática a que se referia tinha que ver com os empresários que não podem falar contra governo por correrem risco de perder negócios; com os professores que não podem falar mal do governo, mesmo em privado, correndo o risco de serem denunciados; com os médicos que não podem ter opiniões diferentes do governo, porque senão são castigados; com o caso PRISA – TVI – Moura Guedes; com os directores de jornais que recebem telefonemas do PM a pressioná-los; e muitos outros.
Recorde-se que foi Francisco Louçã que trouxe o assunto para a campanha eleitoral, e que foi o PS que se aproveitou desse caso para o ligar à tal asfixia democrática de que falava (e bem) o PSD. Sabendo que o PR nunca iria falar sobre isso durante a campanha, o PS ganharia em fazer essa ligação e desacreditar as acusações de Ferreira Leite.
Por mais que queiram, esta é a verdade dos factos. E pode ser confirmada em qualquer jornal, consultando o arquivo on-line. Ainda assim, parece que em Portugal, uma mentira dita muitas vezes – por homens com a cara-de-pau de Santos Silva ou Sócrates – se torna verdade.
Olhe, desculpe… era mais um fino para esquecer.
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