Velhos hábitos, na cruzada contra Rui Rio

20/03/2022

Continuo a comprar e a ler o NOVO Semanário, porque gosto do trabalho e do empreendimento dos meus amigos Miguel Corte-Real e Diogo Agostinho, mas (mais uma vez) sinto-me obrigado a dar uma opinião, e partilhar uma crítica (que pretendo seja construtiva).

Na edição desta semana, na entrevista a Miguel Morgado, custou-me muito ver certas perguntas, feitas claramente, e propositadamente, para sacar a “parangona” que vende jornais.

O PSD é um partido em transe?
A eternizacao de Rui Rio na lideranca prejudica o PSD?
O PSD de Rui Rio reduziu-se a insignificância?

Isto não são perguntas “abertas” que tentam posicionar um tema para ouvir a opinião do entrevistado. Isto são perguntas “fechadas” que têm como propósito empurrar o entrevistado para uma certa resposta.

Os jornalistas profissionais sabem bem a diferença entre uma pergunta “aberta” e uma pergunta “fechada”. E sabem bem como dirigir uma entrevista para um certo resultado.

Foi conseguido. O Miguel Morgado caiu na “esparrela” ou (creio que é alguém astuto e inteligente) foi “cúmplice” do jornalista, e a parangona desejada saiu na primeira página: “O legado político de Rio é ruinoso“.

Tenho a certeza que vendeu muitos jornais e caiu bem na #CúpulaDeLesboa. Tenho dúvidas que seja justo, que tenha reflexo na realidade, ou que caia bem entre uma grande parte dos militantes e eleitores do PSD (que por 3 vezes elegeram Rio como líder).

A verdade é que, durante os seus mandatos á frente do PSD, Rui Rio teve que enfrentar tempos e circunstâncias muito difíceis. Nomeadamente a pandemia provocada pelo vírus Covid-19, durante a qual houve eleições Autárquicas, Legislativas, e Presidenciais (Rio foi considerado vencedor em 2 delas).

Neste período, Rui Rio teve uma postura de responsabilidade irrepreensível, e um enorme sentido de Estado. O que esta semana o levou a ganhar o prémio Lorca, Guerra da Cal, Blanco Amor, que visa reconhecer pessoas ou entidades que promovem o diálogo, a concórdia e a fraternidade.

Na edição deste ano, o galardão vai para Rui Rio que, como líder da oposição em Portugal, teve “uma atitude muito responsável durante a pandemia de covid-19” ao defender “o interesse de Portugal acima de qualquer interesse particular ou partidário”.

Curiosamente, são estes os valores que muitos (incluindo o Miguel Morgado) gostam tanto de enaltecer a Passos Coelho – que durante o período de governação sob a tutela da Troika, colocou o país á frente da sua reeleição – mas que não conseguem reconhecer em Rui Rio.

Sou um apoiante de Rui Rio desde o dia em que chegou a líder do PSD. Não estive, nem estou, sempre de acordo com ele. Penso, aliás, que a sua acção desde a derrota nas Legislativas 2022 (incluindo a noite das mesmas) é contraproducente.

Mas creio que esta cruzada da comunicação “dita” social contra ele é demais, e não estava á espera que o jornal NOVO Semanário, fizesse uso de velhos hábitos, e se juntasse a essa cruzada.

Tenho a certeza que o Miguel e o Diogo vão conseguir corrigir isto. Para bem do seu projecto de jornalismo e informação independente.


(vídeo) A propósito da crítica de Menezes a Rio

01/09/2021


Partidos Novos, Santana Lopes, PSD

07/08/2018

Um ponto prévio

Sim, é verdade. Houve um grupo de pessoas no PSD que destratou e desconsiderou Pedro Santana Lopes. Fê-lo mais do que uma vez, propositadamente, e para evitar que o Pedro pudesse exercer e praticar aquilo em que acredita – que está, sem dúvida alguma, dentro daquilo que são os ideais do PSD, fundado por Francisco Sá Carneiro e seus companheiros.

Esse grupo de pessoas no PSD, fê-lo por puro preconceito, e por receio que o Pedro, com a irreverência e determinação que o caracterizam, pudesse confrontar um status quo em que essas pessoas tinham interesse. E ao fazê-lo prejudicaram não só o partido mas também o país (abrindo a porta ao mais corrupto governo de sempre, que destruiu o país).

O problema não é o partido

Dito isto, penso que o problema não está nos partidos, mas nas pessoas. Os partidos não são entidades abstractas, mas organizações de pessoas. Que eu me lembre, os partidos “tradicionais” portugueses não mudaram a sua matriz. E por isso o problema não está no facto de os partidos se poderem ter esgotado, mas nas pessoas que tomaram conta deles.

Perante a multiplicação de novos partidos por essa Europa fora, e olhando aos resultados conseguidos em eleições recentes, é muito mais fácil dizer que os partidos “tradicionais” se esgotaram (até porque é esta a natureza da opinião precoce e descartável do mundo em que vivemos) do que parar para observar, analisar e pensar sobre o assunto.

A novidade dos partidos novos

A verdade é que não é preciso fazer uma análise longa e aprofundada, para nos apercebermos que a maioria dos partidos novos pouco ou nada trazem de diferente. Alguns configuram mesmo uma união de partidos satélites dos “tradicionais” que, por isso mesmo, não encontram o seu espaço e, juntando-se, têm como único objectivo ganhar força eleitoral.

Um bom exemplo é o Bloco de Esquerda, que se criou da união entre UDP, PSR e Política XXI. Todos eles com ideais idênticos aos dos “tradicionais” PS e PCP e, por isso mesmo, sem força eleitoral. A prova de que nada traziam de diferente é que alguns foram fundados por pessoas que abandonaram, e mais tarde se voltaram a juntar, a esses mesmos partidos.

A saber. A maioria dos fundadores do Política XXI, entre eles Miguel Portas, Daniel Oliveira, Joaquim Pina Moura, José Luís Judas, Mário Lino, José Magalhães e José Jorge Letria, eram dissidentes do PCP e, como é sabido, viriam depois a filiar-se no PS, acabando por ser figuras de proa socialista, anos mais tarde, em governos liderados por José Sócrates.

O verdadeiro propósito

Esta não só é uma prova de que a maioria dos partidos novos nada trazem de novo, como também põe a descoberto uma outra verdade indesmentível – alguns desses partidos foram formados como projectos de poder pessoal, fundados por pessoas que pura e simplesmente não encontraram o seu espaço pessoal nos partidos “tradicionais”.

Há excepções! Com certeza que sim. Mesmo sem conhecer a fundo o projecto, quer-me parecer que, por exemplo, a Iniciativa Liberal traz de facto algo novo e diferente ao debate político Português. E também me parece que nasce do facto de haver uma lacuna no espectro político, e não de uma qualquer facção de um partido “tradicional”.

Voltando ao meu partido

Tudo isto para dizer o seguinte:

  1. o PSD continua a ser o maior partido português;
  2. o PSD não está esgotado;
  3. o PSD não mudou ou se desviou da sua matriz;
  4. o problema do PSD são um grupo de pessoas/aparelhistas;
  5. o lugar do Pedro é no PSD, onde indubitavelmente tem o seu espaço.

E é por isso mesmo que vejo com pena o Pedro a abandonar o partido que ajudou a fundar (não foi fundador mas ajudou a criar e fortalecer as fundações). E será com preocupação, pela simpatia e estima que nutro por ele, que o verei a fundar outro partido. Partido esse que poderá correr o risco de não conseguir trazer novidade ou algo de diferente.

Limpar o partido

É por isso que não creio fazer sentido abandonar o PSD nesta altura. Pelo contrário, as novas lideranças do PSD e da JSD (não só a nível nacional, mas também local – veja-se o exemplo do PSD Porto) parecem ter um claro objectivo de limpar o partido e credibilizar a política. E eu gostaria de ver o Pedro ter ainda mais vontade de ficar e ajudar a “re-fundar” o PSD.

Um PSD liderado por pessoas com sentido de missão, imbuídas de princípios e valores. Pessoas competentes, íntegras e honestas. Pessoas de mente aberta e jovem. Pessoas que queiram fazer política com risco, mas acima de tudo com ética. Pessoas que apenas queiram servir os interesses de Portugal e de todos os Portugueses.

Em conclusão

Estou seguro que esse PSD é o partido que o Pedro, e todos os militantes de bem, gostariam de ter. E que seria nesse PSD que o Pedro poderia colaborar, vencer e vingar muitas das boas ideias que tem e foi partilhando ao longo da sua carreira política. Algo que com toda a certeza não seria difícil dado que na verdade as bases sempre o acarinharam.


A Carta de Cavaco e Eurico em 1982

15/04/2018

Em 1982, Pinto Balsemão liderava o Governo de Portugal. A Aliança Democrática distribuiu 10 pastas ministeriais ao PSD, 8 pastas ao CDS, 1 pasta ao PPM e 3 pastas a independentes.

Estes eram alguns dos nomes mais conhecidos do Governo:

  • Freitas do Amaral, Vice-Primeiro-Ministro e Ministro da Defesa
  • Gonçalo Ribeiro Telles, Ministro de Estado e da Qualidade de Vida
  • João Salgueiro, Ministro das Finanças
  • Ângelo Correia, Ministro da Administração Interna
  • Basílio Horta, Ministro da Agricultura, Comércio e Pescas
  • Francisco Lucas Pires, Ministro da Cultura e Coordenação Científica

Dois anos passados sobre a morte de Francisco Sá Carneiro – que abriu a porta à chefia do Governo a Pinto Balsemão – o país passava por uma altura difícil, e o Governo não parecia capaz de “dar conta do recado”.

Cavaco Silva tinha sido Ministro das Finanças e do Plano de Sá Carneiro. O meu avô, Eurico de Melo era na altura Ministro da Administração Interna. Ambos muito próximos do líder do partido, da sua visão, e das suas ideias.

Descontentes com o status quo, escreveram uma carta aberta (clicar no link para abrir ou descarregar), em Julho de 1982. O Governo caíria em Junho de 1983, com a demissão de Pinto Balsemão. Seguir-se-ia um desastroso Governo do Bloco Central, liderado por Mário Soares.

Em Novembro de 1985, Cavaco Silva e o PSD vencem, sozinhos, as eleições legislativas, e ficam no Governo até 1995. Pelo caminho obtiveram duas maiorias absolutas. O meu avô esteve no Governo até 1990. Primeiro como Ministro de Estado e da Administração Interna, depois como Vice-Primeiro-Ministro e Ministro da Defesa.


Cúpula de Lesboa – Os Sulistas e Elitistas do PSD

09/02/2018

Passaram poucas semanas de ter vencido as eleições internas, mas já está bem visto o quanto Rui Rio vai ter de sofrer enquanto líder do PSD. Ainda nem sequer tomou posse e já são incontáveis os textos a dá-lo como nado-morto, ou as opiniões a tentar condicioná-lo. E isto, numa altura em que ele mal apareceu ou falou a órgãos da comunicação “dita” social.

A razão é, para mim, muito simples. Rui Rio não faz parte da “cúpula de Lesboa”. Isso mesmo, os sulistas e elitistas, tal e qual como lhes chamou Luís Filipe Menezes (cheio de razão). Também ele, enquanto líder do PSD, condenado desde o momento que derrotou a “cúpula de Lesboa” – composta pelos Lisboetas, e acima de tudo por alisboetados (os que vão à “terrinha” nas festas)

Bem sei que Menezes e Rio estão em pólos opostos. A todos os níveis. Mas nem sequer está isso em causa, ou o desempenho de um e outro em cargos políticos. O que está em causa é que são ambos do Norte, e conseguiram ser eleitos contra a tal “cúpula de Lesboa”. E foi, continua a ser, esse mesmo, o seu handicap no xadrez político inquinado, em Portugal.

Nem sequer Sá Carneiro se safou. A partir do momento em que se criou a “cúpula de Lesboa”. Nem o facto de ser fundador do partido, de ter uma credibilidade e competência gigantescas, ou de ter ao seu lado outros Nortenhos da mesma craveira, o safou. A “cúpula de Lesboa” aproveitou todas as oportunidades (até a sua doença e vida pessoal) para o lançar borda fora.

Esta é apenas uma, mais uma, das razões pelas quais era preciso que Rui Rio vencesse. De vez em quando, quanto mais não seja, é preciso que a gente honesta, competente, trabalhadora, honrada e íntegra diga presente. E mostre a essa “cúpula de Lesboa” que eles só ocupam o poder se os deixarmos. Que basta querermos para os derrotarmos.

E desenganem-se aqueles que pensam que alguns, apenas por terem mostrado apoio a Rui Rio, não fazem parte da “cúpula de Lesboa”. Fazem, sempre fizeram. A verdade é que eles não apoiaram Rui Rio por convicção. O que fizeram foi mover-se pelo ódio a Pedro Santana Lopes. O que diz muito do seu carácter, ou falta dele. Pachecos Pereiras, Ferreiras Leites, e afins.


Rui Rio e Santana Lopes, os maus da fita

22/12/2017

As “trapalhadas” de Santana em 2004 (que Rio apoiou e Marcelo arrasou). Este artigo do Observador pretende claramente fazer crer que Rui Rio não é diferente daqueles políticos que ele mesmo critica. Que é incoerente e, como tal, pouco confiável.

O artigo pretende fazer passar a mensagem de que Rui Rio se disfarça de homem sério, disciplinado e íntegro, mas que em 2004 terá apoiado o que a comunicação “dita” social resolveu denominar de “trapalhadas” de Santana Lopes.

A verdade é que basta ler o artigo para perceber que isso não é verdade.

Numa entrevista (…) Rui Rio dizia que Santana Lopes tinha “mais consistência do que a imagem que têm dele” e que era uma pessoa com “seriedade, lealdade e frontalidade”.

Ora será isto mentira? Santana Lopes é bem conhecido por ser firme nas suas ideias e convicções, portanto consistente. Sempre foi honesto, digno e sincero, portanto sério. Não se lhe conhece nenhuma traição a quem serviu, portanto leal. E ninguém pode negar a sua frontalidade.

Rio (…) afirmava mesmo: “Só posso dizer bem de Santana. O meu estilo não tem o exclusivo da competência e do sucesso“. Atribuía ainda (…) “sensibilidade social que muitos militantes do PCP e do Bloco de Esquerda não têm.”

Ora será isto mentira? Os últimos anos, em particular os passados como Provedor da SCML provaram que Santana Lopes tem, de facto, uma enorme sensibilidade social, e que, enquanto uns falam, ele faz. E faz reconhecidamente bem feito.

Rio culpava os jornalistas: “Este Governo e o primeiro-ministro merecem uma avaliação justa. E não merecem o que a maior parte da comunicação social está a fazer. Ainda o programa de Governo não estava aprovado e já as críticas eram mais que muitas”

Ora será isto mentira? Rio culpava e bem a comunicação “dita” social que na altura começou a criticar Santana Lopes, e a deitar abaixo o PSD, ainda o governo não tinha tomado posse. Curioso que agora, com o governo PS liderado por António Costa, ninguém rasga as vestes ainda “trapalhadas” e “escândalos” sejam o pão nosso de cada dia.

Ou seja, ao contrário do que a artigo tenta fazer passar, nem Santana Lopes foi tão mau como o pintaram, nem Rui Rio foi, alguma vez, incoerente. Ambos estavam a fazer o melhor por Portugal e pelo PSD. Ambos foram verdadeiros com os portugueses e consigo próprios.

À época, Santana Lopes era diabolizado pela comunicação “dita” social. Rui Rio era pura e simplesmente ignorado pela mesma comunicação “dita” social e pela cúpula de “Lesboa” – por ser o mais destacado defensor do Porto e do Norte.

Passada década e meia, os mesmos (a comunicação “dita” social e a cúpula de “Lesboa”) tentam ridicularizar um e ignorar o outro. Tudo para ver se o PSD não ganha força, deixando o PS despreocupado e mais à vontade no assalto ao poder e ao dinheiro dos contribuintes.


Cacique. Primeira razão pela qual Portugal está moribundo

21/07/2017

Alguns ainda se deixarão surpreender por notícias como a que o Observador (e bem) publicou hoje: Carrinhas, listas e cacicagem. Todos os detalhes da guerra pelo poder no PSD/Lisboa

Outros, já não só, não se deixam surpreender como admitem o cacique como práctica corrente e, ainda pior, como prática aceitável e incontornável.

Já muito escrevi neste blog sobre caciques. E sobre aqueles que o praticam. Nomeadamente no PSD Santo Tirso – que é o exemplo que conheço mais de perto.

Um exemplo foi o de Abril de 2014, onde num artigo para um jornal local escrevi que o PSD Santo Tirso teria sido “atacado por várias doenças” nomeadamente um “fatal Cancro do Cacique“.

Esta é, na minha opinião, a primeira razão pela qual Portugal está moribundo, e a caminho do abismo. Que acabará, mais tarde ou mais cedo, em forma de ditadura (comunista ou fascista).

E é, porque o estado do país se deve em muito à má estratégia, às más políticas, às más decisões, tomadas pelas pessoas que estão à frente do governo de Portugal.

Não só as que estão no Governo da República mas também aquelas que estão nos lugares de liderança de outros orgãos (políticos, empresariais, judiciais), nomeados pelos primeiros.

Esses que na esmagadora maioria dos casos, emergiram dos partidos políticos, nos quais a única forma de chegar às lideranças e lugares de decisão, parece ser o tal cacique.

Da maneira como os partidos estão organizados, são os tais que promovem e controlam os caciques, que decidem quem será o candidato à Junta, à Câmara, à Assembleia da República.

E serão depois os mesmos a decidir quem será o nomeado para a Direcção Geral, o Governos Civil, a CCDR, e muitas outras instituições e orgãos que governam o país.

A verdade é que não há cacique sem “carneiros”. Se quem promove e controla o cacique tem falta de carácter, o que dizer daqueles que se deixam levar em carrinhas para votar.

Esses são, para mim, tão maus ou piores. É preciso ser-se muito invertebrado para deixar que outros pensem pela sua própria cabeça. Para se vender por “um prato de lentilhas”.

Da mesma forma, aqueles que são coniventes com o cacique, ou que se aproveitam dele sem “sujarem” as mãos, são também gente muito pouco recomendável.

É também por isso que sempre defendi, que a responsabilidade do estado do país não é exclusiva dos políticos. Mas de todos os portugueses. Nomeadamente dos acima mencionados.

Mas também daqueles que se deixam vencer por estas práticas e estas pessoas. Aqueles que, ao saber do cacique, desistem de lutar e deixam a coisa acontecer. Também esses são culpados.

É por isso que, apesar de me doer muito, nunca deixei de me fazer ouvir, e de agir. Não só a nível nacional, mas acima de tudo na minha localidade, em Santo Tirso.

Candidatei-me várias vezes contra os caciques. Perdi sempre. Testemunhei os autocarros. Dei de caras com muitos “carneiros”. Provei a desfaçatez e falta de vergonha de quem promove e controla os caciques.

Tenho muita pena que o meu partido, o de Francisco Sá Carneiro, se tenha tornado nisto. E é por isso que não apoio candidatos que, tenho a certeza, sairam deste lamaçal.


Carta a Pedro Passos Coelho

15/08/2015

Caro Pedro,

Até teres sido eleito e teres começado a exercer as funções de Primeiro-Ministro nunca tinhas sido uma referência ou sequer um exemplo político para mim. Na verdade isto não aconteceu por teres feito alguma coisa que não me tivesse agradado. Pelo contrário. Não tinhas era feito nada que me tivesse enchido as medidas. Na JSD, como se diz em inglês, you had enormous shoes to fill. Eleito presidente, tinhas de substituir um verdadeiro exemplo de serviço público, capacidade e competência (o Carlos Coelho). Também tiveste o azar (é assim que o considero) de teres presidido à JSD nos piores tempos do Cavaquismo, quando o nosso partido se descaracterizou total e definitivamente, tornando-se num partido de clientelas, negócios e poder (não que isso fosse culpa tua). E desde então a tua carreira política não tinha sido mais do que mediana. O que, para mim, até é um bom sinal. Porque poderá querer dizer que nunca estiveste muito envolvido nas cúpulas que controlam e distribuem clientelas.

Foi por estas e por outras que em 2010 não achei que fosses a melhor escolha para o PSD, numa altura tão difícil e crucial para o país. Aliás, nessa altura, cheguei mesmo a apelar a que não votassem em ti. Mais uma vez, não por ter alguma coisa contra ti, mas pelo facto de teres certas e determinadas companhias a teu lado, a apoiarem-te e, ao que parecia, a aconselharem-te. Falo de gente como Angelo Correia – homem que nunca apreciei e sempre achei que fazia parte daquele PSD que sempre quiz o “poder pelo poder”, e que sempre misturou negócios com política, para benefício próprio.

A verdade é que, uma vez eleito Primeiro-Ministro, surpreendeste-me pela positiva. A minha opinião da tua pessoa deu uma reviravolta de 180°. Passei a respeitar-te como político e como presidente do PSD. Foram várias as vezes em que erraste como governante, é verdade, mas ninguém é perfeito. Foram muitas mais as vezes em que agiste de forma correcta, tal como se exige a um estadista. Deste uma resposta absolutamente incrível a muitas decisões difíceis e às condições em que se encontrava Portugal e, com uma perseverança típica de grandes líderes, conseguiste ultrapassar o período de intervenção (bem como outras habilidades irrevogáveis). Mantiveste, como se exige a um bom Primeiro-Ministro, o bom senso, o equilíbrio e a estabilidade num governo de coligação.

Depois de 4 anos dificílimos para Portugal e para os Portugueses, depois de a oposição ter aproveitado (por vezes injusta e hipócritamente) todas as medidas austeras que o governo foi obrigado a implementar por imposição dos seus credores, depois de tantos altos e baixos no governo e no partido, conseguiste chegar à pre-campanha das Legislativas 2015 numa posição surpreendente e impensável há uns anos atrás: taco-a-taco com o candidato do PS que, segundo muita opinião pública e publicada, tinha estas eleições ganhas mesmo antes de ter sido escolhido pelo seu partido para candidato a Primeiro-Ministro.

O que fizeste foi absolutamente incrível. Por Portugal, pelos portugueses, pelo PSD, por ti. E estás agora com uma enorme probabilidade de vencer as eleições Legislativas 2015, repetindo aquilo que aconteceu no Reino Unido há meses atrás e que surpreendeu o Mundo. Muito bem! Excelente! Parabéns!

Agora imagina o que seria se não tivesses a teu lado o Marco António Costa, o Miguel Relvas, o Pedro Pinto, o Carlos Carreiras, a Assunção Esteves, o Carlos Abreu Amorim, o Virgílio Macedo, e outros que tais. Sem esses, já tinhas as eleições no bolso, e Portugal a certeza de que não voltaria ao Socratismo – porque é disso que se trata se este PS vencer.

Pensa nisso… Um abraço, Luís


O spin da trupe laranjinha do PSD

29/05/2014

A política em Portugal tem destas coisas. O que é verdade hoje passa a ser mentira na próxima semana. O que é bom hoje passa a ser mau amanhã. O que é conveniente agora passa a ser inoportuno daqui a bocado.

Quando os resultados eleitorais foram divulgados no domingo a carneirada militante do PSD (infelizmente uma grande parte dos militantes que são activos) amochou. O seu clube (leia-se partido) tinha sido derrotado.

Mas pouco tempo passou até que os Spin Doctors conseguissem transformar uma derrota histórica do PSD/CDS numa tempestade para o partido vitorioso, o PS (e os socialistas caíram que nem patinhos, para ajudar).

Vai daí a trupe militante social democrata rejubilava. Afinal de contas o resultado tinha sido como uma vitória para o PSD. Nas redes sociais cavalgavam a crise no PS e a queda de António José Seguro.

Mas de repente alguém no PSD, com mais calculismo e sentido da realidade, alertou para um facto que normalmente acontece no futebol. Se o treinador da equipa adversária é mau, mais vale que ele fique para continuarmos a vencer.

Ora então o contentamento da canalha militante laranja pela demissão de António José Seguro transforma-se em indignação contra António Costa e os seus compagnons, e em defesa do actual e “legítimo” líder socialista.

Claro que segundo eles nada tem a ver com o facto de afinal se terem apercebido que com Seguro no PS, o PSD tinha talvez hipótese de vencer as Legislativas 2015, e que com Costa o PS podia renovar-se e ganhar nova força.

Portugal está primeiro, dizem, e o país “não precisa de uma crise política“. Além do mais, Seguro venceu as eleições internas há 1 ano, e “é preciso respeitar a democracia e as instituições”. Tão preocupados que eles estão com o PS.

Eu tenho muita pena que o meu partido esteja cheio de gente menor, que não pensa pela própria cabeça e que vive a política como se de futebol se tratasse. É por isso que o PSD está, neste momento, a anos-luz de Sá Carneiro.

Valha-nos (ao PSD) alguns – infelizmente muito poucos – militantes, figuras influentes e dirigentes que têm bom senso, sentido de missão e honestidade. Só espero que esses possam, a partir de dentro, renovar o partido.


O PSD Santo Tirso… já nem sede tem!

22/10/2012

Entre as lideranças de Joaquim Couto e Castro Fernandes passaram 30 anos de governação socialista em Santo Tirso. E nesse período de tempo, o concelho passou de um dos mais produtivos de país ao campeão da desertificação, da perda de serviços e do desemprego.

Logicamente que ninguém se atreverá a dizer que estes resultados não são responsabilidade das políticas, das (in)capacidades e da visão (ou falta dela) do PS de Santo Tirso e dos seus líderes. O país e o mundo mudaram, mas há aqui culpas socialistas.

Curioso é que mesmo perante estas evidências os Tirsenses sempre preferiam manter o PS ao leme dos destinos do concelho. Nem sequer a habitual lógica da alternância – quando as coisas correm menos bem – se aplicou nesta terra de gente inteligente. E porquê?

Porque nunca houve uma verdadeira alternativa. Porque os Tirsenses nunca acreditaram nos outros partidos. Porque nunca houve uma liderança e um projecto credível apresentado em sucessivas eleições. E como diz o ditado, mal por mal que fique o que lá está.

Aqui o PSD Santo Tirso tem enormes responsabilidades. O maior partido português, partido do poder local, com matriz social-democrata, nunca conseguiu convencer os Tirsenses de que era capaz de fazer melhor (e quão fácil era!… e é!) do que o PS Santo Tirso.

E quando seria de esperar que o PSD Santo Tirso aprendesse com os seus erros e fosse evoluindo, aconteceu precisamente o contrário. O PSD Santo Tirso perdeu a sua matriz, o seu intelecto, a sua capacidade crítica e pasme-se agora até perdeu a sua casa.

É triste mas parece ser verdade. O PSD Santo Tirso está tão moribundo que já nem sede tem. A ser verdade, onde se reunem os orgãos legítimos e eleitos do partido como a Comissão Política? E onde se reunirá o orgão máximo, o plenário dos militantes de base?

Parece definitivamente adquirido que os orgãos eleitos do partido são apenas formalidades estatutárias, e que os militantes apenas servem para votar no dia das eleições. As decisões e estratégias são discutidas em núcleo duro e o poder é quase unipessoal.

Sucessivas lideranças e comissões políticas dedicaram-se ao jogo político-partidário lutando pelos interesses pessoais e de facção. Isso afastou os militantes e os Tirsenses. Os resultados estão à vista. Localmente, um partido destruído e descredibilizado.

Não é este o meu PSD e não creio também que seja este o PSD dos fundadores e de outros destacados militantes que tanto contribuiram no passado. Espero que depois de bater no fundo, e de limpa a casa, esses e outros tenham força para o levantar novamente.


%d bloggers gostam disto: