Velhos hábitos, na cruzada contra Rui Rio

20/03/2022

Continuo a comprar e a ler o NOVO Semanário, porque gosto do trabalho e do empreendimento dos meus amigos Miguel Corte-Real e Diogo Agostinho, mas (mais uma vez) sinto-me obrigado a dar uma opinião, e partilhar uma crítica (que pretendo seja construtiva).

Na edição desta semana, na entrevista a Miguel Morgado, custou-me muito ver certas perguntas, feitas claramente, e propositadamente, para sacar a “parangona” que vende jornais.

O PSD é um partido em transe?
A eternizacao de Rui Rio na lideranca prejudica o PSD?
O PSD de Rui Rio reduziu-se a insignificância?

Isto não são perguntas “abertas” que tentam posicionar um tema para ouvir a opinião do entrevistado. Isto são perguntas “fechadas” que têm como propósito empurrar o entrevistado para uma certa resposta.

Os jornalistas profissionais sabem bem a diferença entre uma pergunta “aberta” e uma pergunta “fechada”. E sabem bem como dirigir uma entrevista para um certo resultado.

Foi conseguido. O Miguel Morgado caiu na “esparrela” ou (creio que é alguém astuto e inteligente) foi “cúmplice” do jornalista, e a parangona desejada saiu na primeira página: “O legado político de Rio é ruinoso“.

Tenho a certeza que vendeu muitos jornais e caiu bem na #CúpulaDeLesboa. Tenho dúvidas que seja justo, que tenha reflexo na realidade, ou que caia bem entre uma grande parte dos militantes e eleitores do PSD (que por 3 vezes elegeram Rio como líder).

A verdade é que, durante os seus mandatos á frente do PSD, Rui Rio teve que enfrentar tempos e circunstâncias muito difíceis. Nomeadamente a pandemia provocada pelo vírus Covid-19, durante a qual houve eleições Autárquicas, Legislativas, e Presidenciais (Rio foi considerado vencedor em 2 delas).

Neste período, Rui Rio teve uma postura de responsabilidade irrepreensível, e um enorme sentido de Estado. O que esta semana o levou a ganhar o prémio Lorca, Guerra da Cal, Blanco Amor, que visa reconhecer pessoas ou entidades que promovem o diálogo, a concórdia e a fraternidade.

Na edição deste ano, o galardão vai para Rui Rio que, como líder da oposição em Portugal, teve “uma atitude muito responsável durante a pandemia de covid-19” ao defender “o interesse de Portugal acima de qualquer interesse particular ou partidário”.

Curiosamente, são estes os valores que muitos (incluindo o Miguel Morgado) gostam tanto de enaltecer a Passos Coelho – que durante o período de governação sob a tutela da Troika, colocou o país á frente da sua reeleição – mas que não conseguem reconhecer em Rui Rio.

Sou um apoiante de Rui Rio desde o dia em que chegou a líder do PSD. Não estive, nem estou, sempre de acordo com ele. Penso, aliás, que a sua acção desde a derrota nas Legislativas 2022 (incluindo a noite das mesmas) é contraproducente.

Mas creio que esta cruzada da comunicação “dita” social contra ele é demais, e não estava á espera que o jornal NOVO Semanário, fizesse uso de velhos hábitos, e se juntasse a essa cruzada.

Tenho a certeza que o Miguel e o Diogo vão conseguir corrigir isto. Para bem do seu projecto de jornalismo e informação independente.


(vídeo) A propósito da crítica de Menezes a Rio

01/09/2021


Carta aberta a Rui Rio – Presidenciais 2021

25/05/2020

Caro Rui Rio,

Tive o prazer de o conhecer pessoalmente há 20 anos atrás, no Hotel Montebelo em Viseu, aquando do XXIII congresso do PSD (famoso pela disputa entre Durão Barroso, Pedro Santana Lopes e Luís Marques Mendes). Sentamo-nos no bar. Eu, o Rui, e o meu avô, Eurico de Melo.

Nessa altura, havia uma certa reverência ao meu avô. Por parte dos aspirantes, dirigentes e a maioria das figuras de proa do partido. Todos tinham um especial cuidado nas conversas, e naquilo que diziam ao “Vice-Rei do Norte”. Era importante agradar-lhe, e quiçá garantir o seu apoio.

Naquela tarde em Viseu, o Rui começou imediatamente a ganhar o meu respeito. Porque não notei nenhuma deferência ao meu avô, apenas respeito. Porque não notei nenhum cuidado especial no seu discurso, disse o que pensava. Porque não notei nenhuma mudança no seu sotaque nortenho, apesar de estar há 10 anos por Lisboa.

Estes detalhes disseram-me algo sobre o seu carácter e a sua personalidade. Sobre os seus valores e princípios. Bem como sobre a sua forma de estar no partido e na política – muito próxima daquela marcada por Francisco Sá Carneiro, e seguida pelo meu avô, entre outros (infelizmente não tantos quanto desejável).

A sua carreira política, principalmente a partir desse ano (porque ganhou dimensão nacional com a candidatura às Autárquicas 2001, nas quais acabou por vencer a CM Porto), comprovou aquilo que eu pensava. O Rui está na política para servir, e não para se servir. É um homem íntegro, honesto, humilde, pragmático e corajoso.

Esse sentido de missão, maneira de estar e de ser, trouxeram-lhe muitos dissabores. Porque foi por causa deles que afrontou muitos poderes instalados e interesses obscuros. Mas também foi isso que conquistou a confiança e admiração de muitos portugueses – que lhe valeram várias vitórias eleitorais e políticas.

Agora, mais do que nunca, o país precisa que o Rui continue a ser igual a si próprio. E que lidere a disrupção e o combate que se impõe, para afastar do poder os perigosos interesses e indivíduos que descaradamente têm saqueado o dinheiro dos contribuintes. Usando-o em benefício próprio e dos seus correligionários.

Escuso-me de afirmar se Marcelo Rebelo de Sousa é dos que se aproveitou directamente. Mas digo convictamente, e baseado numa vasta evidência, que como Presidente da República e a coberto de um projecto de poder pessoal, que tem como objectivo a sua re-eleição em 2021, Marcelo se rendeu àqueles que pervertem a política e os negócios.

É por isso absolutamente imprescindível que o PSD apoie um candidato alternativo a Marcelo, nas próximas eleições Presidenciais. Apoiá-lo, ou deixá-lo vencer por falta de comparência, é dos piores serviços que se poderá prestar ao país neste momento. Tenho a certeza que outros partidos também procuram, e muitos portugueses anseiam, por uma opção válida.

Não se trata de uma questão de Esquerda versus Direita, ou de Socialismo versus Liberalismo. Não é, de todo, uma questão ideológica. Trata-se de colocar na posição de Chefe de Estado, de “árbitro” da política, alguém que verdadeiramente represente Portugal e os interesses dos Portugueses, que dê dignidade ao cargo e tenha respeito pelo lugar que ocupa.

Não é aceitável que no Palácio de Belém esteja um “bobo da corte” que deliberada e intencionalmente entretém e ilude os portugueses mais incautos, enquanto interesses instalados e homens corruptos se apoderam dos recursos do país e do dinheiro dos contribuintes, empurrando-os para outro resgate.

Rui, se me permite dar algumas sugestões – Pedro Passos Coelho, Leonor Beleza ou Paulo Rangel. Todos eles gozam de grande respeito e admiração por parte dos portugueses. E, mais do que isso, podem conquistar apoio transversal no expectro partidário. Acredito até que possam vencer.

Esta não é altura de jogar o “xadrez político”. Porque aqueles que se sentam do outro lado do tabuleiro não são de confiar. São batoteiros, e apenas querem aproveitar-se da boa vontade de quem joga o “jogo pelo jogo”. Esta é a hora de romper, como fazia Sá Carneiro.

Se há alguém no PSD com coragem e desprendimento para o fazer, é o Rui. Força! 

Luis Melo
Militante 69.491
(Secção PSD de Santo Tirso)
Londres, 25 Maio 2020


Rio é diferente e faz diferente

13/08/2019

Pouca gente fora do aparelho partidário do PSD terá feito mais campanhas do que eu. Especialmente no norte e centro do país, percorrendo regiões do litoral até ao interior. Acompanhando o meu avô no apoio a candidatos de todos os concelhos e distritos, em eleições autárquicas, legislativas ou presidenciais.

Não consigo contar em quantas participei. Apenas recordar a primeira campanha de que tenho memória, nas presidenciais com Freitas vs Soares (1986) ainda não tinha 8 anos. Imagino que terei estado presente em outras antes disso, mas não me lembro.

Confesso que gostava imenso dos comícios, dos discursos, das caravanas, das arruadas, do contacto com a população – quanto mais próximo e genuíno melhor, como por exemplo as investidas ao mercado do Bolhão. Nunca fui fã de almoços e jantares – o famoso “roteiro da carne assada”.

Eram outros tempos. Hoje em dia, em pleno século XXI creio que a maioria destas acções de campanha não faz sentido. A política tem de evoluir, e a forma como a mensagem dos partidos chega às pessoas também. Os canais de comunicação têm de ser diferentes, idealmente melhores.

Rui Rio – apesar dos seus 60 anos e de ter passado pelo mesmo (e muito mais) que eu descrevo acima – é o único líder partidário, a tentar “romper” com o status quo, e fazer diferente (Marcelo inovou na campanha, mas representava-se a si próprio).

Rio e o PSD têm feito muito diferente. No discurso, com sentido de estado e sem ódio. Na abordagem, com responsabilidade e sem populismo. Nos candidatos, com verdadeira renovação e sem medo dos caciques. E agora na campanha…

Os portugueses há muito que pedem um lider político diferente. Aqui o têm. Confiem-lhe o voto.


Foi você que pediu um político diferente?

30/06/2019

ruirio_portoferreira

Como político, Rui Rio é diferente daquilo que temos visto nos últimos 30 anos. Creio que, desde o segundo governo de Cavaco Silva que não havia um político com tal sentido de estado, de responsabilidade e de missão.

Tem sido um período demasiado longo, com Portugal a ser governado por aquilo a que chamarei “artistas”. Políticos que dominam todas as artes, menos aquelas que realmente interessam ao país e aos Portugueses.

São os melhores na comunicação e na fabricação de imagem, gastando milhões em empresas e consultores, que reunem em Focus Groups, e se tornam especialistas em jogar com a psique do eleitor. Os chamados Spin Doctors.

São os piores a governar, porque nas suas prioridades o país e os Portugueses vêm atrás de si próprios, da vitórias nas eleições, dos seus amigos e família, da sua facção ou cacique, do seu partido. Provavelmente por esta ordem.

Rui Rio veio para rasgar. E prova-o num dos tópicos mais controversos de uma eleição – as listas de candidatos. Sabe perfeitamente que vai “sofrer” por desafiar o status quo. Mas a sua personalidade e convicção são mais fortes.

Nas listas dos principais centros urbanos, onde normalmente lideram as figuras de prôa do partido, Rui Rio escolheu nomes tão improváveis como jovens. Uma clara aposta num futuro diferente para Portugal.

  • Porto – Hugo Carvalho
  • Lisboa – Filipa Roseta
  • Coimbra – Monica Quintela
  • Braga – André Coelho Lima
  • Leiria – Margarida Balseiro Lopes
  • Aveiro – Ana Miguel Santos

A maioria perguntará: Quem? É, exactamente isso. O facto de serem nomes desconhecidos para a maioria, prova o quão a sério Rui Rio leva a sua promessa de renovação e a sua visão para o futuro.

Um velho anúncio ao famoso vinho do Porto (Ferreira), perguntava: Foi você que pediu? A maioria dos Portugueses está farto dos políticos que têm liderado os destinos do país. Diz que são todos iguais, não tem em quem votar, e pede mudança.

Muito bem! Foi você que pediu?Então vá votar, confie o seu voto a Rui Rio, e nos próximos 4 anos, julgue a diferença que faz ter um Primeiro-Ministro íntegro, competente, honrado e com Portugal como única prioridade.


Rui Rio NÃO convidou críticos a sair no PSD

08/09/2018

Rui Rio deu uma excelente entrevista ontem à TSF Rádio. É praticamente impossível alguém de bem, e com um mínimo de racionalidade, discordar daquilo que o líder do PSD disse.

E disse-o, como sempre, com a absoluta honestidade. Rui Rio é dos (muito) poucos políticos de hoje que diz o que pensa, sem medo de ser políticamente incorrecto, ferir susceptibilidades, ou perder eleitorado. Critica com frontalidade e por convicção. Age em conformidade, e não mediante o que dá jeito.

Naturalmente, as notícias que saem hoje na comunicação “dita” social – dominada pela “Cúpula de Lesboa” – publicam umas parangonas que deturpam propositadamente o que Rui Rio disse.

Segue-se depois a opinião publicada. Aqueles que têm voz nas redes sociais e palco nos media, cavalgam estas parangonas e atacam Rui Rio. Alguns nem sequer ouviram a entrevista, outros estão toldados pela “clubite” (partidária ou de facção), muitos fazem-no propositadamente, demonstrando desonestidade intelectual.

Eu ouvi bem o que Rui Rio disse. E convido todos a ouvir a entrevista, que repete este Sábado pelas 11:00.

Primeiro: Aqueles que estruturalmente discordam do PSD. Rui Rio sugeriu que devem sair. Não são os que discordam de Rui Rio ou desta liderança! São os que discordam dos ideiais do partido! Tem toda a razão. Esses (há alguns, muito poucos, creio) devem passar-se para o PS (ex. Carlos Abreu Amorim) ou para o CDS. Alguns até estejam melhor no BE (ex. Pacheco Pereira) ou PNR (ex. André Ventura).

Segundo: Aqueles que conjunturalmente discordam desta lideranca. RR não disse que deviam sair. Aliás Rio sabe bem – até porque ele próprio foi crítico de outras direcções e lideranças) que o PSD é um partido pluralista. O que Rui Rio disse é que alguns criticam apenas por interesse pessoal. Fazem tudo para que as coisas corram mal ao PSD, para na hora da derrota apanharem os cacos e tomarem o poder. Mais uma vez, tem toda a razão.

Quanto aos que discordam estruturalmente, Rui Rio não se referiu nesta entrevista especificamente a ninguém. Mas falava no contexto da saída de Pedro Santana Lopes e na fundação do Aliança. Se bem que é de notar que Rui Rio admitiu ser estranho, por achar que não é o caso – ou seja, que Pedro Santana Lopes não discorda dos ideais do PSD.

Quanto aos que discordam conjunturalmente, e por interesse pessoal, Rui Rio rejeitou nomear alguém – e fez muito bem, porque só lhe ficaria mal. Mas todos sabemos! Não sejamos ingénuos, até porque é evidente, e eles não se escondem. Luís Montenegro e Pedro Duarte, entre outros, criticam a liderança para se posicionarem para o futuro, e não por terem, de facto, alguma discordância de fundo com o PSD de hoje.


Rui Rio e a Cúpula de Lesboa

24/08/2018

Rui Rio foi eleito Presidente do PSD em Janeiro de 2018, mas a opinião publicada nos órgãos de comunicação “dita” social, já o atacava desde pelo menos Outubro 2017, altura em que apresentou oficialmente a sua candidatura.

(Nota #1: Não confundir opinião publicada com opinião pública. A primeira apenas representa aqueles que têm palco nos órgãos de comunicação “dita” social, e cada vez mais é pouco representativa da segunda)

(Nota #2: A maioria dos média em Portugal – jornais, televisões, rádios – estão claramente reféns ou mandatados por interesses políticos e económicos, que pagam para ver as suas mensagens difundidas, pelo que no máximo lhes podemos chamar comunicação “dita” social)

A verdade é que passado quase um ano, não se vislumbra um, um único, artigo de opinião ou comentário que apoie Rui Rio, ou que seja, quanto muito, positivo no que concerne à sua acção e comportamento como líder do maior partido Português.

(Nota #3: É bom lembrar que o PSD não é só o maior partido em termos de militantes. É também o partido mais representado na Assembleia da República, com 102 deputados, depois de ter vencido as eleições legislativas de 2015 – vs 86 deputados do PS)

Este facto torna-se ainda mais curioso quando nos lembramos que até José Sócrates tinha (pior, continua a ter!) vários fazedores de opinião a partilhar escritos e comentários que defendem aquele que terá sido o pior e mais corrupto líder político da nossa história.

Ora, com certeza não sou só eu que acho isto muito estranho, tendo em conta que na última meia-dúzia de anos Rui Rio era tido, por todos aqueles que agora se apressam a criticá-lo, como reserva única do PSD, pela competência, integridade, força e determinação.

Da RTP à TVI. Do Público ao Observador. Dos mais velhos comentadores da nossa praça, como Vasco Pulido Valente, até aos mais novos, como Sebastião Bugalho. Não se vê, na opinião publicada uma palavra de apoio ou aprovação a Rui Rio.

A explicação é simples. É que a opinião publicada é dominada pelo que eu chamo de Cúpula de Lesboa. Uma pseudo-elite que se apoderou do sistema, ocupou todos os organismos de poder (executivo, legislativo, judicial, político, social) e vive na Capital do Império.

Essa Cúpula de Lesboa quis usar Rui Rio para desestabilizar governos e lideranças (nomeadamente, e mais recentemente, a de Passos Coelho), mas agora que o viu chegar à liderança do partido apressa-se a tentar destruí-lo, com medo do que possa fazer.

É que essa Cúpula de Lesboa sabe bem do que Rui Rio é capaz. Até porque já experimentou no passado outros, como Francisco Sá Carneiro. Que tal como Almeida Garrett dizia “no Porto podemos trocar os bês pelos vês, mas não trocamos a liberdade pela servidão”.

Rui Rio, tal como Sá Carneiro, é um orgulhoso e íntegro homem do Porto e do Norte. Que ao contrário de outros, não irá ceder e tornar-se mais um ao serviço da Cúpula de Lesboa, de pseudo-elites, pseudo-banqueiros, e pseudo-gurus ideológicos.

Daí que a tal opinião publicada e comunicação “dita” social dê muito pouco palco a Rui Rio e ao PSD, a não ser para criticar negativamente. A verdade é que há um trabalho meritório a ser feito, que infelizmente não está a ser dado a conhecer, propositadamente.


Queriam um político diferente – Aqui o têm

09/04/2018

Era extremamente importante que todos vissem esta intervenção do presidente do PSD. Rui Rio é, de facto, um político diferente.

E para aqueles que dizem que os políticos são todos iguais (a maioria dos portugueses), aqui está alguém em quem podem votar nas próximas eleições.

A comunicação “dita” social e a opinião publicada (diferente de opinião pública) pode dizer o que quiser – o rumo deste homem não vai mudar.


Cúpula de Lesboa – Os Sulistas e Elitistas do PSD

09/02/2018

Passaram poucas semanas de ter vencido as eleições internas, mas já está bem visto o quanto Rui Rio vai ter de sofrer enquanto líder do PSD. Ainda nem sequer tomou posse e já são incontáveis os textos a dá-lo como nado-morto, ou as opiniões a tentar condicioná-lo. E isto, numa altura em que ele mal apareceu ou falou a órgãos da comunicação “dita” social.

A razão é, para mim, muito simples. Rui Rio não faz parte da “cúpula de Lesboa”. Isso mesmo, os sulistas e elitistas, tal e qual como lhes chamou Luís Filipe Menezes (cheio de razão). Também ele, enquanto líder do PSD, condenado desde o momento que derrotou a “cúpula de Lesboa” – composta pelos Lisboetas, e acima de tudo por alisboetados (os que vão à “terrinha” nas festas)

Bem sei que Menezes e Rio estão em pólos opostos. A todos os níveis. Mas nem sequer está isso em causa, ou o desempenho de um e outro em cargos políticos. O que está em causa é que são ambos do Norte, e conseguiram ser eleitos contra a tal “cúpula de Lesboa”. E foi, continua a ser, esse mesmo, o seu handicap no xadrez político inquinado, em Portugal.

Nem sequer Sá Carneiro se safou. A partir do momento em que se criou a “cúpula de Lesboa”. Nem o facto de ser fundador do partido, de ter uma credibilidade e competência gigantescas, ou de ter ao seu lado outros Nortenhos da mesma craveira, o safou. A “cúpula de Lesboa” aproveitou todas as oportunidades (até a sua doença e vida pessoal) para o lançar borda fora.

Esta é apenas uma, mais uma, das razões pelas quais era preciso que Rui Rio vencesse. De vez em quando, quanto mais não seja, é preciso que a gente honesta, competente, trabalhadora, honrada e íntegra diga presente. E mostre a essa “cúpula de Lesboa” que eles só ocupam o poder se os deixarmos. Que basta querermos para os derrotarmos.

E desenganem-se aqueles que pensam que alguns, apenas por terem mostrado apoio a Rui Rio, não fazem parte da “cúpula de Lesboa”. Fazem, sempre fizeram. A verdade é que eles não apoiaram Rui Rio por convicção. O que fizeram foi mover-se pelo ódio a Pedro Santana Lopes. O que diz muito do seu carácter, ou falta dele. Pachecos Pereiras, Ferreiras Leites, e afins.


Rio vs Santana: Lealdade e Pluralismo

05/01/2018

Tratar política como futebol, e partidos como clubes, é um erro enorme. Infelizmente, a forma de estar e agir de muitos interlocutores políticos, principalmente os mais mediáticos e os que têm mais responsabilidades, tem sido nesse sentido. E a ideia de “se não estás comigo, estás contra mim” prolifera.

Com o que se passa noutros partidos, manifestamente menos democráticos (ex. o PCP), posso eu bem. Mas custa-me ver isto no PSD, que sempre foi um partido democrático e, acima de tudo, pluralista. Onde todos os militantes podiam (deviam até!) ter as suas próprias opiniões e pensar pela sua cabeça.

Isto a propósito do debate de ontem entre Rui Rio e Pedro Santana Lopes onde se ouviram ataques de falta de lealdade. Ao partido, ao líder, ou à direcção em ocasiões diversas. Conheço os dois pessoalmente. Admiro (por diferentes razões), tenho respeito político e estima pessoal pelos dois. Pelo que me custou.

Até porque ambos sempre praticaram, e muito bem, o tal pluralismo e liberdade de opinião dentro do partido. Aliás, são talvez dois dos mais mediáticos militantes que mais vezes, por mais tempo, e mais veementemente o fizeram. A ponto de ambos terem posto em causa a sobrevivência do partido, ou a vontade de estar no PSD.

Rui Rio disse recentemente que o PSD estava moribundo e corria o risco de desaparecer. Santana Lopes também achou no passado que não era possível regenerar ou refundar o PSD, e por isso falava num novo partido (o PSL). Devo dizer que também eu já escrevi que o PSD estava em agonia, e já pensei várias vezes se seria possível renová-lo.

A história do PSD está cheia de episódios em que (grupos de) militantes estavam em desacordo,  tinham visões diferentes e opiniões diversas. Defendiam ideias contrárias e planos de acção variados. Criticavam quem estava na liderança do partido, ou até mesmo à frente dos destinos do país, no Governo.

Sá Carneiro e a ala Eanista ou as Opções Inadiáveis (de Pinto Balsemão e  Magalhães Mota). Balsemão e as críticas de Cavaco Silva e do meu avô, Eurico de Melo. Marques Mendes e as críticas de Luís Filipe Menezes. Este e as críticas de Ferreira Leite. Esta e as críticas de meio partido! Tantos são os casos de divergências.

A meu ver, ao invés de prejudicar o partido, este pluralismo e liberdade individual, bem como a convicção com que essas correntes se expressaram e agiram, fortaleceram-no. E é também por isto que o PSD é o partido mais portugês e mais original. Não há uma linha de pensamento única imposta por uma ideologia ou doutrina.

Ontem, no debate, tentou-se apelar àquele sentimento primitivo, que prolifera hoje no futebol. Tentou apelidar-se uns e outros de traidores. No PSD, pluralismo e liberdade de opinião nunca significaram falta de lealdade. E espero que assim continue. Quero crer que os militantes do PSD sabem distinguir as coisas.


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