Só podia ter sido em Wimbledon, a catedral do ténis mundial. Um épico encontro, disputado no Court 18, entre John Isner (19º ATP) e Nicolas Mahut (148º ATP) terminou ao cabo de 11 horas e 5 minutos, tendo ultrapassado 3 dias (começou na 3ª e acabou na 5ª feira).
O americano bateu o francês na partida referente à 1ª ronda – que ficará para a história como a mais longa de sempre – com parciais de 6-4, 3-6, 6-7, 7-6 e 70-68. Em Wimbledon não há tie-break no 5º set e por isso, só este demorou demorou 8 horas e 11 minutos. Foram 183 jogos e 980 pontos disputados, nos quais Isner fez 115 ases e o Mahut 103.
Este duelo de titãs ultrapassou todos os limites físicos e mentais mas os dois guerreiros mantiveram-se incrivelmente “frescos” e focados. Isner (2.05m, 111kg) não claudicou e Mahut (1.90m, 80kg) também se manteve firme. Aliás, o francês merece mais destaque ainda, se soubermos que teve de jogar o qualifying no qual disputou mais 2 jogos até ao 5º set (um dos quais terminou a 24-22).
Mas o périplo deste gladiador francês não acaba aqui. Após a derrota em singulares voltou ao Court 18 para um encontro de pares. No final a organização montou improvisadamente um dispositivo que poderia ser confundido com o da final, dada a atenção que deu aos 3 protagonistas. Sim, porque o árbitro ficou sentado durante todo este tempo. Mas no final brincou “Viajo em classe económica por esse mundo fora. Sete horas imóvel numa cadeira para mim é nada”
Depois disto, dá vontade de perguntar aos franceses se é preferível dar tanta atenção à sua selecção de futebol – recheada de “meninos” – ou a esta modalidade onde têm excelentes atletas, alguns deles heróis como Mahut. Também apetece trazer o caso para Portugal, e perguntar se faz sentido os nossos “meninos” queixarem-se de fazer 3 jogos (90 min/cada) numa semana, ou se é justo dar 95% do espaço na imprensa ao futebol.