Há poucos dias saíram os resultados do Censos 2011. Muitas estatísticas foram lançadas, sendo que a mais geral é a de que somos hoje 10.555.853 portugueses.
Entre estes tem proliferado uma espécie, que é em muito responsável pela crise de valores que o país atravessa. Essa espécie chama-se “TUGA”.
O tuga é aquele que acha que ser patriota é torcer pela selecção nacional de futebol, em vez de pagar impostos e ser solidário com os seus concidadãos.
O tuga é aquele que acha ter alcançado uma grande vitória ao ter crashado o site de uma agência de rating ou ter inundado a sua caixa de emails.
O tuga é aquele que se endivida no banco por um BMW branco em vez de pedir dinheiro emprestado para o seu filho poder ir para a universidade.
O tuga é aquele que se atira para cima de uma passadeira sem parar e olhar, porque “se for atropelado o condutor tem de pagar uma grande indeminização”.
O tuga é aquele que compra (às prestações) um telemóvel de 400€ ou 500€, do qual aproveita 5% das funcionalidades, apenas porque pensa que dá status.
O tuga é aquele que chama ladrão ao político, mas sempre que compra/recebe algum produto/serviço, pede tudo sem factura para fugir aos impostos.
O tuga é aquele que chama incompetente e corrupto ao político mas não participa na democracia, nada faz para a mudar, e nem sequer vota.
O tuga é aquele que, mesmo ganhando mais, declara o ordenado mínimo e quando chega a reformado fica revoltado por ter uma reforma tão baixa.
O tuga é aquele que, em cargo de chefia, pratica um tipo de liderança baseado no temor do chefe ao invés de preferir ser respeitado.
O tuga é aquele que vai “tirar de esforço” da professora que expulsou o seu filho porque este foi malcriado e perturbava a sala de aula.
O tuga é aquele que vai ao futebol ou ao concerto e passa o tempo a tirar fotos que comprovem a sua presença, em vez de apreciar o espectáculo.
O tuga é aquele que sonha com as telenovelas e as transporta para a realidade. Aquele que passa o dia a ver reality shows à espera de enxovalhos.
O tuga é aquele para quem a notícia não é o sucesso, a inovação, o feito ímpar, mas sim a traição, a tragédia, a intriga, o crime.
O tuga é aquele que no retorno das férias é paciente para ouvir a história do colega, apenas para ter audiência quando for a sua vez de contar.
O tuga é aquele que acha um roubo quando o clube adversário é beneficiado, mas acha justo (“é para equilibrar”, diz) quando o seu clube beneficia.
O tuga é aquele que achava o Carlos Castro “um grande paneleiro”, e agora diz que era um velhinho indefeso que foi vítima de um drogado ambicioso.
O tuga é aquele que ao fim-de-semana, em vez de levar os filhos a um programa lúdico/pedagógico ou a passear/jogar, se enfia com eles num centro comercial.
O tuga é aquele que chega à praça de alimentação do Centro Comercial e senta a mulher/filho numa mesa a guardar lugar, enquanto demora meia hora a pedir a refeição.
O tuga é aquele que ao esperar numa paragem de autocarro vê passar um homem num Ferrari e, ao invés de pensar “um dia ainda vou ter um Ferrari” pensa “um dia ainda vais andar de autocarro”.