Francisco Louçã renunciou ontem ao mandato de deputado e abandonou o Parlamento. Um dos maiores demagogos da história de Portugal deixou de ser deputado. No meu entender, ainda bem. Mas nas redes sociais só vejo elogios ao Anacleto.
Não surpreende. Em Portugal sempre foi assim. Depois de morrerem (neste caso, em sentido figurado) todos passam de bestas a bestiais. Todos se transformam automaticamente em bons homens e mulheres que deram contributos à sociedade.
É aquela hipocrisia de ser “politicamente correcto” tão portuguesa nos dias que correm. Podem ter passado 13 anos a dizer o piorio do Anacleto, mas agora que ele se vai embora dedicam-lhe declarações de amor e gratidão pelo seu serviço.
Ouço e leio gente (de todos os quadrantes políticos e partidos) a dizer que é uma pena porque se perde um grande parlamentar. Um grande parlamentar! Onde? Não há dúvida que os portugueses têm os representantes que merecem no parlamento.
As pessoas acham que um grande parlamentar é aquele que tem a “coragem de debater cara-a-cara” com o PM. Que não tem medo de lhe “dizer umas verdades”. Que tem o à-vontade para “afrontar” (ou direi “insultar”) o Governo e os seus pares.
Para isso não é preciso ser professor catedrático ou uma mente brilhante (algo que por sinal o Anacleto não é). Para isso basta um qualquer Tino de Rãs sem polidez e cortesia. Sem nada a perder, e com a suficiente ousadia e descaramento.
Ser um grande parlamentar é muito mais do que conseguir articular um discurso redondo sem qualquer tipo de conteúdo. É muito mais do que conseguir, na altura certa, atirar uma boa laracha para gáudio da sua bancada e irritação das outras.
Ser um grande parlamentar é ter a capacidade de argumentar a favor das propostas que se defende de forma a conseguir convencer os outros de que é a melhor solução. É ter na sua génese um verdadeiro sentido de missão e foco no interesse geral.
Dizer que o Anacleto é um grande parlamentar é um insulto a homens como Francisco Sá Carneiro e tantos outros de muitos partidos. Esses sim, que defendiam aquilo que acreditavam ser melhor para os portugueses com determinação e elevação.
Algo que obviamente o Anacleto nunca teve. Foi com ele que se banalizou o “berro”, o “insulto”, o “remoque” na casa da Democracia. Foi com ele que se banalizou a falta de respeito pelo colega da outra bancada e o ambiente crispado.
Don’t get me wrong. Quem me conhece sabe que sou Democrata e que acho que quantos mais partidos melhor. E penso que é valorizador haver partidos que defendem questões fracturantes ou minorias. Mas têm de ser honestos e realistas.
Parecia ser esse o caso do BE inicialmente. Mas rapidamente, sobre a liderança do Anacleto, se tornou num partido demagogo e populista, apenas interessado no terrorismo político. Algo que nem a alguns fundadores agradou, e está à vista.
Como é que pode o Fransisco louça dizer em setembro de 2012 para fazer uma revolução do 25 de Abril,se já estavamos em liberdade e não em ditadura,será que ele é um bom economista,porque ele disse para sairmos da troika,sabendo que Portugal tinha que cumprir o compromisso com a troika,haveria um desvalorizamento do escudo,só de vez em quando é que tem uma boa ideia de economia.Sera burro, o que ele quera sei eu.Guerra civil.Ir para o governo!
Parabéns pelo texto, mais uma vez escreve claro, que é uma coisa pouco usual hoje em dia. Infelizmente hoje em dia, valorizamos mais aqueles que, como refere no texto, articulam um discurso redondo sem qualquer tipo de conteúdo. Louçã, depois de ter feito aprovar alguma medidas importantes para alguns mas na verdade que nada dizem ou fazem pela maioria, sai e diz que vai andar por ai tal como o fez P.S. Lopes. Espero que tal como este decida dar aulas e gozar a reforma a que a partir de agora terá direito por ter estado estes 13 anos no Parlamento.