O povo é (in)culto?

Fui novamente convidado pelo AB (Administrador de Blogue) – o meu amigo Diogo Agostinho – a escrever no Psicolaranja. Aceitei o desafio e aproveitei também para mudar de tema. Escrevi sobre Cultura. Deixo-vos aqui o link para visitarem.

Há muito quem diga que o povo é inculto e não aprecia arte. Diz-se que, fora o cinema e os concertos (com artistas cada vez mais “comerciais”, é certo), os portugueses não dedicam o seu tempo a actividades culturais. Uma das perguntas que frequentemente se faz é “vais ao teatro?”.

Penso que nesta questão está implícito o teatro nas suas mais diversas vertentes: o teatro propriamente dito, o teatro de revista, o teatro musical, etc. Com a particularidade que deverão ser protagonizados por verdadeiros artistas profissionais.

Ora, se bem virmos, o teatro está só em Lisboa – a “capital do império”. As várias entidades do meio só querem é estar perto do centro de decisão, e gravitar à volta das instituições públicas (Ministério e afins) que têm o poder de lhes atribuir subsídios.

Em Lisboa há vários teatros e várias peças, mas é raro (muito raro aliás) que algum dos conhecidos artistas ou coreógrafos se digne a ir ao resto do país apresentar a sua peça. Perdem eles e perde o país, mas preferem o conforto da capital e o prémio sem esforço.

De longe a longe existe uma peça ou revista que, de tanto esgotar em Lisboa, aparece no Coliseu ou no Rivoli do Porto. Mas e o resto do país? Viana, Braga, Vila Real, Bragança, Guimarães, Guarda, Viseu, Aveiro, Coimbra, Leiria, Évora, Beja, Faro, etc.

No Portugal profundo – que em pleno século XXI pode ser considerado todo aquele que, mesmo estando no litoral, está fora da Área Metropolitana de Lisboa e Porto – não há qualquer espectáculo a não ser por companhias amadoras ou pelos filhos, na festa da escola.

O Governo (em particular o Ministério da Cultura) devia incluir, no regulamento de atribuição de subsídios, critérios que incentivassem as companhias a apresentar os seus espectáculos pelo país inteiro. Só assim a maioria dos portugueses terá oportunidade de ver teatro.

Também as várias entidades ligadas a este meio, poderiam e deveriam ter uma consciência social (aquela que tantas vezes aparecem nos meios de comunicação social, a pedir à sociedade e às empresas) e tomar a iniciativa de “deslocalizar” espectáculos.

5 Responses to O povo é (in)culto?

  1. Nuno Guimarães diz:

    O meu comentário sobre a regionalização do teatro e bailado é… OPART! O Porto agradece!

    • Luis Melo diz:

      Pois Nuno, mas isso não chega ao resto do país… infelizmente tudo o que está fora da Área Metropolitana de Lisboa e Porto… é Portugal profundo, abandonado e ostracizado.

  2. Apesar de concordar que a maioria dos espectáculos se situa em Lisboa, discordo da atribuição de subsidios para que eles se possam mover pelo país. Primeiro porque acho que não deveriam existir subsidios, cada actividade deveria ser capaz de se auto-sustentar. Segundo é a lei da procura e oferta que manda para onde vão os espectáculos. Os cantores Pimba não proliferam em Lisboa contudo passam a vida em arraiais por essas terreolas…Sem tomar muito espaço, acredito que existam pessoas desejosas de ver grandes espectáculos em Chaves (a título de exemplo sem ofensa), mas será que compensa a uma caravana teatral esse esforço… acaba por ser a mesma situação que voçê referiu no seu blog a algum tempo atrás com o desporto que não é futebol. quando não move as massas, tem tendencia a se limitar à area geográfica que possui a maior quantidade de apreciadores. Eu gostava que o povo português lê-se mais, e existem livros por toda a parte…

    • Luis Melo diz:

      Caro Jorge, também acho que devemos caminhar para um tempo em que as companhias de teatro e afins são auto-sustentáveis. O que digo é que, no caso de quererem e terem subsídios do Estado (o que acontece hoje) então que, pelo menos se lhes exija que andem pelo país para chegar a toda a população. O país não é só Lisboa e Porto…

  3. *você *tendência

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