FC Porto: O pior cego é aquele que não quer ver

Lembro-me bem de, aqui há umas semanas atrás, ter desistido de falar mais sobre o problema do FC Porto desta temporada: o seu treinador, Vítor Pereira. No seio dos adeptos de futebol escasseia a razão e o discernimento. Prolifera o que eu chamo de “Clubite Aguda”. Doença em que os sintomas são: emoção, sectarismo, seguidismo e cegueira.

Apesar dos factos e argumentos apresentados, não consegui convencer um Portista de que o treinador teria de ser demitido. Não rebatiam os meus factos, nem apresentavam contra-argumentos. Limitavam-se ao “estamos em 1º… estamos em todas as frentes… ainda não perdemos”. Na verdade não havia clarividência suficiente para ver que era uma questão de tempo.

Não foi por falta de aviso. Lembro-me de, em algumas saudáveis discussões, ter dito isso mesmo. Quando fomos eliminados da Liga dos Campeões, num grupo acessível. Quando fomos eliminados da Taça, em Coimbra, com uma exibição paupérrima. Quando perdemos a liderança do Campeonato, em Alvalade, contra uma equipa claramente inferior.

Agora, já não estamos na Liga dos Campeões, já não estamos em todas as frentes, já não estamos em primeiro, já nem sequer estamos invíctos. Na Liga Europa temos um obstáculo chamado Manchester City. Resta a Taça da Liga, competição com a qual até há bem pouco tempo, a maioria dos portistas gozava. Mas ainda haverá alguns com cara de pau para se agarrará a ela.

Vou abster-me de voltar a falar das capacidades técnico-tácticas e de liderança de Vitor Pereira. Apenas dizer que nem José Mourinho, nem André Villas-Boas arriscariam resultados (até porque o seu futuro depende deles) para ajudar a branquear esquemas de dirigentes que resolvem fazer “negócios da china” (falo obviamente de Danilo).

O que dizer da permanente aposta em Maicon a defesa direito, tendo no plantel Fucile e Sapunaru? Um, titular da selecção do Uruguai, 4ª classificada no Mundial 2010 e vencedora da Copa América 2011. Outro, considerado ainda há semanas o melhor jogador de futebol da Roménia. Foi nítida a colocação de outros interesses, à frente dos interesses desportivos.

O pior cego é aquele que não quer ver. E a “Clubite Aguda” toldou a visão da maioria dos adeptos Portistas. Agora, talvez acordem. Mas tal como eu disse, e escrevi, pode ser tarde demais.

3 thoughts on “FC Porto: O pior cego é aquele que não quer ver

  1. Publiquei este excelente artigo de opinião no meu blog .
    Muito bem pensado e escrito. Na realidade, Portista até depois de morto, penso da mesma forma. Só a classe (ou que resta dela) manteve o clube à tona, e bastou o vígaro repetente de Campomaior para pôr à tona todas as fragilidades da equipa. Não há paciência…

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